Por fim, ele chegou. Esteve comigo da mesma maneira quando ainda éramos pó das estrelas e resignados nos olhávamos em silêncio. Mais do que nunca pareceu-me um homem e a sua voz era um lamento e não uma vingança. Desatei a minha alma e sem mais tempo adentrei seu olhar de infinitas viagens.

_Eras tu?
Uma ou duas vezes, não sei ao certo, olhamo-nos como se fora a primeira vez: a primeira palavra dita, a primeira liberdade, a primeira vontade de não mais estar só. Jamais houve algo diferente disso e a despeito de tudo, somos a descoberta da verdade de existir profundamente na conformidade de cada dia, a divindade do que somos um no outro – a mesma presença.

_ Então tu também vens do céu?!
Reler a últimas lembranças, repentinamente nos leva a emudecer a palavra sem que haja a necessidades de explicações. Há um lado de engenhosas tramas e ardis e um princípio de convulsões sem que o mundo a nossa volta seja uma provação ou o término da comunicação entre a sua alma e a minha. Por isso fui visitá-lo, ansiava pelo pacto reformatório preestabelecido enquanto o Tempo nos mantinha suspensos.

_Voar sobre as montanhas e nuvens de algodão?

Não há um lugar que seja infinitamente longe, não há uma felicidade que não seja celebrada entre o por do sol e o nascer do dia. E todas as suas palavras foram escritas na minha pele, para que eu pudesse sentir a sua presença e estimular a nitidez de cada beijo até que nossos lábios ao se tocar, puderam saciar a carência de nossas almas afins.

_Onde se encontraria?
Nenhuma janela ou porta foi fechada à nossa passagem e nenhum sonho se dissolveu de forma irracional e distorcida da nossa vontade de ser e existir um no outro. Celebrei o seu corpo olhando-nos no espelho e não isoladamente numa busca infrutífera de felicidade irrisória.

_Tens sonhos?
 
Quando te ocorreu caminhar os caminhos da minha alma, todos os nossos instintos foram avivados e não era a primeira vez que somos um, na necessidade do espírito e da tolerância da carne, por que o amor é mútua condecoração. O Amor se renova e se aquieta na vestimenta da palavra dita.

_ Queres caminhar ao meu lado?
 
É bem possível que eu venha viver os meus sonhos dentro dos seus, e toda naturalidade do meu abraço seja o seu aconchego e a nossas energias interiores se renovem a cada dia porque não podemos mais ficar a meio caminho de uma existência plena. Esta ligado a mim, não apenas uma parte, mas o seu destino e o meu se cruzaram antes mesmo que os nossos olhos se encontrassem e as minhas mãos tocassem as suas.