João&Maria
Maria enviuvou
e não foi do João.
Quem sabe já deve ter-se casado,
na condição de viúva,
por conta daquele amor,
que ela não viveu,
mais ou menos -ou meio assim,
como aquela nuvem de chuva de verão,
que segue solitária,
a procura de um local para desaguar,
quase sempre derramando no mar,
devido a sua maior extensão
territorial
ou em algum quintal.
Maria casou-se muito moça,
com a urgência que tem a formiga
de atravessar logo aquela poça,
num flagrante desperdício,
quanto às delícias,
que a vida nos dá para provar,
por imposição de algo,
de alguém ou de outrem.
E não estamos aqui falando de sexo.
Esse é apenas um ingrediente,
dentre tantos bons temperos.
Minha querida Maria.
Maria, de um dia, no passado,
nós fizemos o certo, o errado
ou fizemos o que tinha que ser feito?
Como consertar,
senão recomeçar a sonhar um novo sonho,
dormindo ou não,
com a mesma emoção do antigo desejo,
com beijo ou não,
pois João não sabia,
que o coraçãozinho de Maria,
guardava tanto amor.
Vai-se a flor,
mas o jardim continua.
Vai-se a vida,
mas não finda a avenida.
O amor não requer juramentos,
assim como o vento,
que nunca promete voltar,
mas que na sua ausência,
por pura precaução,
deixa sempre o seu oxigênio
no ar.
Maria, de um dia,
quem sabe um dia, Maria,
mas, também por precaução,
fica aqui essa poesia,
minha inesquecível,
Maria.