Quem me dera, Odara
Aquela rosa que lhe deu o seu meio-avô,
não era assim tão bela.
Era ainda um botãozinho.
Um brotinho, na linguagem do botânico,
mas quem não reage bem ao carinho,
me fala, Odara?
Um quase-avô,
postiço,
mas não seja por isso,
porque o amor é original
e seja de qualquer cor que o pintemos,
soará sempre falso,
porque esse sentimento é bem transparente,
feito a alma da gente,
que também não tem cor.
Cuide bem dessa flor.
Viva intensamente o amor.
Exponha-os na varanda,
na janela,
aproveitando a vinda da primavera,
mas nunca se prenda a uma única estação.
Ser bom é bom demais
e ademais,
com o coração que você herdou,
da sua genética,
escancare a sua face poética,
procurando sempre falar de amor,
também,
tendo como inspiração,
essa que se transformou numa bela flor
e que foi seu meio-avô quem lhe dera.
Quem me dera,
vê-las crescer,
assim tão belas,
Odara,
num jardim quase sem fim,
em mim, em nós e em todos,
todos os dias
e em todas as estações.
Apenas desate os nós das suas emoções.