O Corvo

Sento me ao precipício,

O pôr do sol está a mim defronte,

Lamentar é meu único suplício,

Enquanto observo o horizonte.

Ao meu lado senta-se um rapaz,

Me pergunto o motivo dele estar comigo,

Reconheço seu olhar fugaz,

Se trata de um velho amigo.

Com um gesto acolhedor,

Ele segura minha mão,

E com um sorriso encantador,

Aquece meu coração.

Como doce melodia,

O rapaz sabia o que me dizer,

Suas frases se transformam em poesia,

Que me fazem florescer.

Ele me contou sobre a minha essência,

Que me fazia ser unicamente complexidade,

E disse que com paciência,

Eu encontraria a prosperidade.

Que eu me permitisse perdão,

Colhesse dos meus próprios pedaços,

Revalidasse o coração,

E limpasse meus estilhaços.

Por fim, como um último clamor,

Pediu-me que, até o fim do dia,

Eu acreditasse novamente no amor,

Porque toda sua infinitude eu merecia.

Mas assim como o sol poente,

Precisávamos de uma despedida,

Enquanto me abraçava calmamente,

Senti minha alma como uma brisa.

Ele me prometeu uma dança,

Em um futuro indefinido,

Encheu-me de esperança,

Para um destino transcendido.

O rapaz então se transformou,

Em um corvo fruto de poesia,

E ao infinito voou,

Me deixando com sua cerúlea magia.

Sentada, vi ele se afastar,

Voando pelo céu cruzado,

Um dia iremos nos reencontrar,

Adeus, meu corvo amado.

Viajante atemporal
Enviado por Viajante atemporal em 30/09/2018
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