Mar e chuva, céu de dois pássaros

Pairando pelo paraíso mundano,

Vejo um rastro de sangue humano,

Sangrar parecia ser do seu cotidiano,

Escondendo a adaga com um pedaço de pano,

Crava-se as garras num galho da primavera,

Para ver se tal ferida era severa,

Sensata como um voto de Minerva,

Para dizer que sentimentos não se acerva,

Notei-me que ver tal rastro fora permitido,

Adentrar nesse viés sentimental fora concedido,

Tem-se a atenção desse corvo intrometido,

Só conseguia dizer, ‘fascinante, surpreendido’,

De galho em galho há encontro de visões,

Passados, futuros, possibilidades e premonições,

Dois pássaros de diferentes canções,

Caminhando pela estrada dos sermões,

Comum a tal seres eram movidos a teimosia,

Uma contra a injustiça e o outro contra a heresia,

A virginiana da dedicação e o aquariano da poesia,

A calma do oceano e a destruição da maresia,

Criaturas vívidas no seu complexo plano familiar,

Voam até os céus e pensam que limite é só um jeito de falar,

Estica-se a mão mas ela começa a recuar,

Ser ambos peregrinos uma mão a se apoiar,

Seu conhecimento é limitado mas é profundo,

Não é qualquer amigo moribundo,

‘Poderia ser companheiro desse pássaro imundo?,

Permita-me fazer parte do seu mundo’,

A terra como símbolo do nascer de criatividade,

O vento como o frescor de voar em liberdade,

Um retém o que sente enquanto o outro é poço de sinceridade,

Combinados de pintar o próprio mundo com intensidade,

Enquanto caminhavam pelos jardins do pintor,

Ele a rodeava como um frenético compositor,

Ambos atentos as palavras do interlocutor,

Sempre espontâneos, nunca fazendo papel de ator,

Porém ele se instiga quanto sua aproximação,

Qual é a sua cor quente do verão?,

Qual seria sua favorita canção?,

Como posso fazer para ganhar seu coração?,

Qual seria seu sorriso mais belo?,

Como seria seu sonho mais singelo?,

Até que uma pergunta lhe acertou como um martelo,

Poderiam fazer-se a promessa de um elo?

Destino esse que não fora dado,

Com o tempo ele fora conquistado,

Quando se pegou já estava amarrado,

De forma gentil em seu perfume encantado,

Conversavam de sentimentos entrelaçados,

Olhavam-se como se nunca fossem separados,

Como se nunca existissem limites trancafiados,

Dois desconhecidos que foram achados,

Orgulhosos que pensavam no futuro enquanto ainda há presente,

Procurando enterrar fardos com um ar contente,

Amarrando-se as asas com um laço, nunca corrente,

Procurando a felicidade juntos, com ansiedade ardente,

Se o destino que ambos vinham tinham se agradado,

Tendo-se em seus rostos um sorriso estampado,

‘Por ti fazei-a ter tal sonho realizado,

‘Espero que também pense em continuar do meu lado’,

Esse é apenas o futuro que o corvo quer para suas próximas canções,

Poder para todo sempre fazer amorosas dedicações,

Ter juntado ambos esses corações,

Se é o que Deus quer, ele não separará essas constelações,

Na luz do destino nasce uma premissa de riqueza,

Agarrados ao destino com afinco e destreza,

Confiando um ao outro superar qualquer incerteza,

O barão e a baronesa.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 03/10/2018
Código do texto: T6466709
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