Querida Brumadinho

Era uma sexta feira, dia de alegria;

Mais um dia de trabalho em uma grande mineraria;

Acordaram cedo, trabalharam duro;

Deram tudo de si, e talvez, deram demais.

Meio dia. Hora de almoçar;

Alguns saíram e outros, resolveram esperar;

Uma hora, uma e dez, uma e vinte. Boooom!

Um barulho se ouviu, gritos, passos, água, dor, sangue, lama.

Era uma sexta feira mas não era dia de alegria;

Uma água correndo e se juntando com terra. Virou barro;

Lama molhada e seca, pedra, telhado e casas;

Não se ouvia mais gargalhadas, nem palavras.

Era uma sexta feira mas não se via mais vida;

Não se via planos ou projetos;

Sonhos viraram barro;

Amigos viraram vítimas de um ciclo criminoso.

Era uma sexta feira, um sábado, um domingo, e uma segunda;

Era uma terça, um Jonatas, uma Marcelle, um Leonardo e um Francis;

Era um Maurício, um Welligton, um Adriano, eram famílias, filhos;

Eram esposas, pais e mães. Eram vidas inocentes sendo arruinadas pela ganância.

É uma Brumadinho, uma Mariana, uma Minas Gerais, Um Brasil;

Uma pátria mal amada, desrespeitada e abusada;

Um povo que não aguenta mais pagar o pato pela ambição de poderosos;

É uma nação cujo coração veste preto há muito tempo.

Era uma terça feira, um notebook e um coração que chora;

São palavras que saem e desejam justiça;

É meu sincero perdão aos que sofrem pela certeza e dúvida;

São minhas orações, querida Brumadinho.

Tiraram de ti o brilho, a alegria, mas sua raiz firme está;

Tenha fé, Brumadinho;

Pois na mesma proporão que te feriram,

Deus duplamente te reerguerá.

Graziele Gonçalves
Enviado por Graziele Gonçalves em 29/01/2019
Reeditado em 25/01/2023
Código do texto: T6561965
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