Marcos a Gis
O Gis, escrito como está,
não é um erro de grafia.
A poesia nos permite tal heresia,
sempre que for para falar e amor.
Se Maria, fosse apenas Bonita,
Lampião talvez não a levasse
ou talvez, quem sabe, Maria nem aceitasse,
se Lampião lhe aparecesse,
como mais um e tão somente
aventureiro.
Tão pouco estamos aqui falando de um cangaceiro
ou de uma moça sem eira e nem beira.
Estamos aqui falando de amor,
que até pode rimar com flor,
mas os seus espinhos,
também fazem parte do contexto.
Talvez somente um pretexto,
pra poder falar de vocês.
É preciso de muita coragem,
para se cometer a bobagem,
de aventurar uma vida a dois,
quando nós mesmos, às vezes,
não nos entendemos.
São marcos que estabelecemos a giz,
cujos limites são a compreensão,
quase que como irmãos,
mas irmãos também se desentendem.
Lampião sabia bem dos riscos e sacrifícios,
mas diante das fronteiras dos precipícios,
optou, Maria, por sua intuição,
vinda da paixão, ilusão, razão
ou sabe-se lá o quê.
E quanto a isso,
só o amor pra responder.
Os admiro e os respeito
e cá dentro do peito,
humildemente confesso:
Ah...
como eu gostaria de ser como vocês!
GIZ aqui é porquê ninguém tem nunca certeza de nada.
Almas iluminadas refletem luz.
Apesar de Paula e Bebeto,
do Caetano Veloso e do Milton Nascimento,
de Léo e Bia, do Oswaldo Montenegro,
de Eduardo e Mônica, do Renato Russo,
obras memoráveis e incontestáveis,
também conheço um casal assim.