Loomis “the loon”

Ele tinha cara de maluco e brigão

e muita gente acreditava

que fosse um fanfarrão

(o tempo, este implacável detetive,

tratou de provar o contrário).

Ele defendeu políticas

e economias ineptas

lutou por gente que não merecia defesa

e desprezou gente que deveria

ser defendida

e escreveu em uma semana mais cartas

do que 100 missivistas em 1000 dias.

Depois o expulsaram de seu país

e no país onde imaginou ser benquisto

foi posto numa gaiola em praça pública

depois escapou da pena de morte

ao fingir-se de louco (não era?)

e passou doze anos trancafiado

num manicômio.

Nessa temporada de férias manicomiais

escreveu a excelência de sua poesia (dizem)

e, como todo gênio, soube que a tríade

– pintura, literatura e música –

é a única razão para justificar olhos abertos

coração descompassado, sangue rubro

e corpo em movimento

e continuou dedicado à sua grande obra.

Então abriram os portões da colônia de férias

e ele saiu. Toda sua bagagem era anotações,

rascunhos, trechos gigantescos

assim, assustador, solitário e louco

ele rumou a seu lugar nas estantes

das bibliotecas e mesas de estudo.

Pobre Loomis, pena não ter escrito

sobre o caminho tortuoso

percorrido até uma glória

que não fulge o quanto merecia.

Grouchesco
Enviado por Grouchesco em 11/12/2019
Reeditado em 12/12/2019
Código do texto: T6816792
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