Loomis “the loon”
Ele tinha cara de maluco e brigão
e muita gente acreditava
que fosse um fanfarrão
(o tempo, este implacável detetive,
tratou de provar o contrário).
Ele defendeu políticas
e economias ineptas
lutou por gente que não merecia defesa
e desprezou gente que deveria
ser defendida
e escreveu em uma semana mais cartas
do que 100 missivistas em 1000 dias.
Depois o expulsaram de seu país
e no país onde imaginou ser benquisto
foi posto numa gaiola em praça pública
depois escapou da pena de morte
ao fingir-se de louco (não era?)
e passou doze anos trancafiado
num manicômio.
Nessa temporada de férias manicomiais
escreveu a excelência de sua poesia (dizem)
e, como todo gênio, soube que a tríade
– pintura, literatura e música –
é a única razão para justificar olhos abertos
coração descompassado, sangue rubro
e corpo em movimento
e continuou dedicado à sua grande obra.
Então abriram os portões da colônia de férias
e ele saiu. Toda sua bagagem era anotações,
rascunhos, trechos gigantescos
assim, assustador, solitário e louco
ele rumou a seu lugar nas estantes
das bibliotecas e mesas de estudo.
Pobre Loomis, pena não ter escrito
sobre o caminho tortuoso
percorrido até uma glória
que não fulge o quanto merecia.