Velas de Janeiro

À luz de uma vela simples,

Eu escrevo, para ti, acredite

Ainda penso em nós, ao arco-íris

Ah, mal sabes o tempo, o quanto queria

Que o infinito desse graças aos momentos

Como uma bênção, afastando assim, o medo

Medo de esquecer, medo do vento soprar e levar

Para longe, e nunca mais retornar ao lar.

Em pouquíssimas palavras, lacrimejo

Uma dor desfere golpes sobre o meu peito

Como se desejasse meus gritos em desespero,

Como se almejasse me despir ao relento

Enquanto a chama se contorce,

E a vela, aos poucos, morre.

Amada minha, minha estrela, guia-me

Para seus braços, para longe deste corpo em pedaços

Afaste-me destes espasmos, leve-os ao espaço

Dama, como desejo vê-la, fervorosa é minha vontade

Vontade de correr, pular o penhasco, e te encontrar

De corpo e alma, alma fogosa, em pura prosa, por horas

Senhora, dai-me a permissão, deixe-me vê-la, mais uma vez

Deixe-me senti-la, beijá-la, só mais uma vez.

Enquanto a vela falece,

O meu coração não mais se aquece,

Enquanto o tempo desaparece.