A fala do silêncio

A fala do silêncio

Oh minha alma, que tanto perdura em tormento e do sofrimento fez tua criação,

Dos perdoados que não tem coração para perdoar, dos atormentados que fazem das lástimas berço para a paz,

Dos que fazem o valor da fala não valer o valor do silêncio não visto,

Das lágrimas dos que choram quando o outro ri em meio ao fim de tudo.

Das estrelas que não brilham, do sol que sua luz não partilha, da vida que foi ceifada antes de viver,

Das poesias não escritas do coração em meio à boca dos falantes, das poesias feitas da alma num túmulo latejante,

As profecias de quem no futuro nunca pisou, o adeus de quem do passado um dia abraçou,

Mas quem sou eu, pra indagar quem indaga o silêncio ensurdecedor?

Dos que tanto bedelham a compaixão sem saber perdoar, dos que tanto cantarolam o amor quando só sabe-se o ódio amar,

Quando a última luz for embora e a escuridão der seu primeiro passo,

Não existirão mais estrelas para servir de compasso, o mundo dará adeus e voltará ao início,

Não existirão mais palavras para ouvir e o fim será só o princípio.

Mas quem se importa, se o abraço da mentira conforta e a desilusão da verdade fere,

Mas o que se tornará a verdade e a mentira? Uma complementará a outra em pura vaidade,

Mas Pergunto-me, que vaidade?

Se da vida o futuro se fez mentira e a morte se fez verdade.

Mostra-me, nem que seja pela morte não vivida, da dor de uma despedida, na beleza de não existir a vida,

Mostra-me, independente do que for, exuberante ou sem sabor,

Mostra-me, o fim que nunca falei, o amor que nunca proclamei, a vida que nunca abracei,

Mostra-me, mesmo que todo mostrar faça-me somente, partir.

Coloquei "dedicatória", porque dedico essa simples poesia a todos(a) aqueles que morreram nas guerras, que foram violentados, que sofreram e ainda sofrem, as crianças que não nasceram vítimas de abortos, a todos que queriam ter gritado aos quatro cantos mas ficaram em silêncio, peço a vocês, por todo o mundo, desculpas. Desculpas por terem nascido num lugar tão miserável.

Obrigada, queridos! Abraço.

Maria Fernanda de Araújo Dantas
Enviado por Maria Fernanda de Araújo Dantas em 06/01/2020
Código do texto: T6835807
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