A Mulher Pré-Histórica

(Este poema foi originalmente publicado em 2 de outubro de 2015 e está sendo republicado com textos convidados de Aparecida Ramos (Ísis Dumont) e Marta Sirino. O texto de Aparecida Ramos saiu na edição original como interação de comentário, sendo agora apresentada como parceria.)


A MULHER PRÉ-HISTÓRICA
Miguel Carqueija


Eu sou quem lhe acompanhou
por este mundo sem fim;
quem nunca te abandonou
amando-te sempre assim.

Juntos fugimos da ursa
e nadamos pelo rio,
nós caçamos a camurça
e enfrentamos fome e frio.

Na caverna junto a ti
sentia-me em segurança,
nosso ninho era ali,
e no meu ventre a criança.

Aprendi contigo a luta,
a defender-me com faca,
fiz nossas roupas de juta,
carreguei frutas na saca.

Sempre gostei de olhar
o majestoso mamute:
meu bem, é de estasiar:
com ele você nunca lute!

Na campina verdejante
caminhamos sem destino:
seguimos vida errante,
com a menina e o menino.

Pés desnudos no chão duro
sou a tua companheira,
amando-te com apuro,
seguindo-te a vida inteira!

De nossa tribo saímos,
em nômades nos tornamos;
por este mundo partimos,
e assim melhor nos amamos.




E hoje, cabelos ao vento,
conduzimos Su e Alisa;
e dormimos ao relento
quando suave é a brisa.

Com nosso cão Dente Branco
vamos seguindo pro Norte:
— Meu bem, você está meio manco,
aquele tombo foi forte!

Meu marido é carinhoso
e me carrega no colo
sempre muito cuidadoso,
quando o meu pé eu esfolo!

As terras são perigosas,
têm feras que põem medo.
Por montanhas angulosas
seguimos nosso degredo.

Pelos filhos e marido
eu daria a minha vida;
com perigos sempre lido
com meu jeito de atrevida.

O peixe nunca nos falta,
se o urso não aparece;
Alisa dança, peralta,
mas Su com sono adormece!

Que filhos maravilhosos
nós conseguimos ganhar:
às vezes são tão dengosos
são coisinhas pra se amar!

O cachorro é tão fiel
que morreria por nós:
ataca até cascavel
e o réptil mais atroz.

Que o Grande Espírito conduza
a nós para o que vier;
serei sempre a tua musa,
confia nesta mulher.

Neste mundo tão imenso
terei o que sempre quis:
um dia, assim eu penso,
vamos fazer um país!




3.7.2015

SOB AS MARCAS DO TEMPO

Aparecida Ramos

EU SOU ESSA MULHER PRÉ-HISTÓRICA
CARREGANDO NA PELE AS MARCAS DO TEMPO
A QUE SUBIU E DESCEU LADEIRAS
CARREGANDO FLORES OU PEDRAS
E FILHOS NO VENTRE.

EU SOU ESSA MULHER PRÉ-HISTÓRICA QUE NÃO ENTENDE A 'MODERNIDADE'
QUE NÃO APRENDEU A ASSIMILAR CERTAS COISAS...
QUE APRENDEU A SEMEAR PALAVRAS, A COLHER FRUTOS DO BEM QUE, ÀS VEZES PRATICA
POR LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE.

MULHER PRÉ-HISTÓRICA QUE NÃO SOMENTE 'DESENTENDE', MAS TAMBÉM NÃO SE RENDE ÀS ATITUDES, NEM À FALTA DE AÇÃO 'DESSA' TAL S O C I E D A D E!

(interação de Aparecida Ramos (Ísis Dumont)





MINIBIOGRAFIA  
 
Maria Aparecida Ramos da Silva, natural de Sertãozinho – PB - Brasil. Escreve poemas desde a adolescência. Professora, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Cadastrada no Recanto das Letras, sob o pseudônimo: Isis Dumont. Autora do livro “Palavras da Alma- (Crônicas e poemas)”, lançado em julho/2018. Possui livro digital publicado.  Participante de várias Antologias: “Amor” e “Simplesmente amor”, “Minuto de Poesia”, “Flores do Recanto” e “Flores de Natal” na versão digital e impressa.  Autora do prefácio para o livro “Sombras” de Sueli Aquino, e do posfácio para um Romance do ilustre escritor Miguel Carqueija. Possui Entrevista publicada na Escrivaninha do escritor mencionado. Teve, em junho de 2013, uma de suas poesias, “Feliz” publicada na “Revista Quimera”, na Argentina. Vencedora do Concurso “Mil Poesias de Natal”, com a poesia “Cores de Dezembro”, promovido pela AMALETRAS, São Mateus - ES. Membro e Delegada/Embaixadora da Paz, pela CONBLA, São Caetano do Sul, SP. Membro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico do Grande ABC-SP.  Recentemente foi escolhida para ser homenageada em uma Escola Estadual de sua cidade, através do Projeto I FLIRED- I Feira Literária da Rede Estadual de Ensino da Paraíba, 2ª Gerência Regional.
Membro da Casa del Poeta peruano no Brasil.
rosachoqueeoutrascores.blogspot.com.brFacebook: 
https://www.facebook.com/2016Amorempoesia/
www.isisdumont.prosaeverso.net 



MULHER PRÉ-HISTÓRICA DO ANO 2000

(Marta Sirino)



Eu sou a mulher pré-histórica
Vivendo no ano dois mil.
Continuo guerreira e eufórica
Fugindo de quem já me feriu.
Minha caverna agora é um apartamento
Onde moro com minha família.
Aglomerados vivemos em sofrimento
Numa casa com pouca mobília.
Me levanto pela madrugada
Muito cedo vou buscar o sustento.
Minha jornada é bastante árdua
Pra trazer pra casa o alimento.
Minha paz é ver meus filhos sorrindo
Por isso trabalho dobrado.
Da violência estamos sempre fugindo
Por Deus estamos sendo guardados
Mesmo com o passar do tempo
Minha história se mantém igual
Melhorar a vida eu tento
Com a pedagogia liberal.
Sou a base de uma sociedade
Intolerante e muito machista.
Evito falar a verdade
Pra não dizerem que sou feminista.

Marta Sirino






Nome: Marta Sirino
Idade: 45 anos
Estado: Rio de Janeiro
Profissão: Servidora pública do município do Rio de Janeiro.
Hobby: Amante apaixonada por escritos poéticos; devoradora de livros e compositora apaixonada de singelas linhas poéticas.



Imagens google. Em cima, fotograma do filme "A máquina do tempo" de George Pal, com a atriz Yvette Mimieux.
Fotografia de Aparecida Ramos gentilmente cedida por Aparecida Ramos. Fotografia de Marta Sirino gentilmente cedida por Marta Sirino.