ESFINGE
Saiu do ninho com asas em formação,
deixou pra trás alegria vivida na infância sofrida,
sua aspiração era maior que o sertão.
As rochas caudalosas da grande selva é o desconhecido, segue sua trajetória,
ouve o barulho das máquinas em produção a todo vapor,
verticalizando o lucro do patrão sem amor, opera uma delas.
Seu espírito de liderança ganha notoriedade,
abre a torneira, mata a sede, ultrapassa linhas proibidas,
prepara o grande voo de sua vida.
Os primeiros deram contra a muralha, esgotado, quase desiste, insiste.
Suas asas embaladas pela chama da esperança fura o bloqueio, atravessa o aço.
Nova era, organiza a casa grande:
Repara injustiças, derruba muros, ilumina becos, humaniza possibilidades,
alimenta a fauna.
Os gaviões colam o grande pássaro na gaiola,
imobilizado, se reinventa; seu olhar parece revisitar imagens do passado,
estratégias adotadas, arrependimentos sentidos.
Podaram suas asas, mas não apagaram sua pegada, a chama ainda arde.