PAI : Indagação

Indagação

Será que a gente ainda vai se encontrar?

Não pergunto “se um dia vai” porque não sei

Se o dia será assim como sempre foi e como é agora

É misterioso o devir. Eu só sei que eu queria ter você aqui.

Talvez eu não nunca tenha filhos. E o que tenho nesse instante

É a imagem em mim internalizada de você,

Admirando

Brincando

Se realizando

E se perpetuando nas minhas pequeninas e tímidas

Conquistas e criações

Sempre aparentei pro mundo ser uma fortaleza

Que besteira!

Meus momentos de incerteza

Estão a toda hora permeados

por uma necessidade incomum de me deitar

no seu colo e receber seus afagos

Naquelas horas medonhas em que te buscava

eu não procurava imediata solução

Porque eu sabia que os problemas se tornavam nada

num simples toque de suas mãos

Descobri tarde que bastava sua presença

pra me encher de certezas e determinação

Mas, pelo menos, descobri a tempo de agradecer

Os cuidados e o carinho com os quais

Você me presenteava a todo tempo

Você sempre foi meu porto seguro

Meu conselheiro maduro que me

Preparava para o futuro

Será que a gente ainda vai se encontrar? Alguém pode afirmar? Explicar?

Eu não sei muito. Eu aprendi pouco da vida

Tô engatinhando em busca de sabedoria

O tudo que sei, é essa sua ausência que machuca

Fogueira em brasa que queima e perturba

Tudo o que sei, é que quase tudo passa

Menos essa minha saudade e inquietação

Por querer saber se a gente ainda vai se encontrar

Anseio vão...

Meu pai

Meu bom amigo

Eu sonho encontrar contido

E num abraço saudoso

Reaver em você meu sereno abrigo

Analúcia Azevedo.

Analúcia Azevedo
Enviado por Analúcia Azevedo em 28/10/2007
Reeditado em 24/01/2008
Código do texto: T713017