ESPAÇO MORTO

Aos vírus mancomunados,

Devolvam-nos todo ar que nos foi sugado!

Quantos espaços mortos...

Não se trata apenas

Do ar que circula

rarefeito de vidas.

Verso o oxigênio

poluído

absorvido e ido sempre sem fluxo de saídas...

Numa nova onda tão velha,

Segue a respiração da fração do nada

Na asfixia das vidas desoxigenadas de tudo.

Vírus malfadados!

No espaço morto malogrado.

Devolvam-nos todo o ar furtado!

Dos meandros que pulsam só hipóxia crônica.

Verso sim,

Pela fração mínima do oxigênio de direito!

Rarefeito nos dias que seguem secos,

Num espaço morto de respiros ao futuro.

Devolvam-nos os ares!

Os mares!

Os pomares!

Os luares.

Saquem dos seus bolsos escusos,

Todos os fluxos vilipendiados

Que seguem desoxigenados de viço.

Devolvam-nos só o tudo!

Não esse todo caótico sempre, respiração de improviso

Que ceifa vidas como serra cega nas florestas!

Tirem suas coroas que nos infectam pelas frestas!

Removam suas mãos imundas

Dos alvéolos sociais inundados pelas corrupções.

Plantem soluções...respirações.

Colapsadas estão nossas águas infectadas...

Enlameadas de rejeitos espúrios

Que demandam por todo oxigênio do mundo.

Vírus anacrônicos, reis imundos.

Devolvam-nos o Direito, zumbis dos submundos!

Devolvam-nos as resfolegadas matas desoxigenadas

Protagonizadas pela crueza que tudo mata

Mediante asfixias múltiplas

Não enxergam o diagnóstico?

Diplomadas viroses asfixiantes

De todas as legítimas possibilidades de vida.

Pelo milagre duma toda oxigenada consciência:

Respirem com urgência!

E devolvam-nos toda nossa roubada existência!