A menina dos meus olhos

A menina dos meus olhos

tem nos seus, os olhos meus

tem na cor, do cinza ao púrpura

explendor, pavor, beleza

ódio, amor e dor

tristeza

tristeza

e tristeza.

Tem a certeza da vida

tem esperanças perdidas

tem um quê de moça triste

de anciã já cansada

de mulher mal amada

de donzela apaixonada.

Tem nos seios maltratados

uma fonte de pecados

uma jazida de sonhos

sonhos de filhos amados.

A menina dos meus olhos

me deu abrigo e sustento

acalantou meus desejos

me fez mulher sem destino

me fez Maria sem tino

e me encantou com seus beijos

abraços desajeitados

e carinhos mal acabados.

A menina dos meus olhos

se perde em curvas e trilhos

suas ruas empipocadas

suas crias apressadas

travessas e ladeiras

morros e ribanceiras

paulicéias desvairadas.

A menina dos meus olhos

se perde em suas alcunhas

já foi terra da garoa

para muitos prometida

hoje é Sampa, numa boa

ou simplesmente São Paulo

São Paulo de arranha-céus

São Paulo de muitos céus

São Paulo, de Zés,de Raimundos

São Paulo, sempre São Paulo

tantas vidas, tantos mundos

São Paulo sem fronteiras

de rios e corredeiras

para mim apenas menina

menina desajeitada

menina que se perdeu

menina amada, odiada

menina dos olhos meus.

Monica San
Enviado por Monica San em 31/10/2007
Reeditado em 11/09/2010
Código do texto: T717130
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