CAETÉ

CAETÉ

Aos moradores do Cemitério de Caeté

No silêncio do cemitério esquecido,

com suas lápides frias de mármore e pedra,

corroídas pelo tempo,

a sinfonia dos mortos se faz presente.

Caminho respeitosamente em silêncio,

maculando a paz de seus moradores,

almas que ali repousam esquecidas:

o violinista, a professora, o padre, o padeiro, o mineiro

das minas tantas vezes lavradas,

agora tão cansadas.

Ali conversam, tristemente lamentam

sobre o abandono a que foram relegados.

De suas covas me olham;

surpresos, na inaudível linguagem dos ausentes me indagam:

- Ó, curioso visitante do mundo dos vivos,

por que a privacidade nos rouba?

NELSON MARZULLO TANGERINI.

Do livro Rostos rotos.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 20/06/2021
Reeditado em 20/06/2021
Código do texto: T7282729
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.