À São João do Marinheiro

O marinheiro é um rio poeta

Quase lambendo os pés de são João

Santo que nasce à beira do rio

Deixa a santidade e vira poesia.

E faz mais milagres ainda:

faz-se o santo em flor,

o santo em pássaro,

o santo em bicho do mato.

E desperta a curiosidade

dos que ali nascem

sobre lençóis de areia

educados pela mãe-água.

Que ensina a ir em frente

mostrando como se passa.

No santo, passa-se com fé,

e não acaba nunca de passar.

Está sempre ali, como o tempo,

como um cavalo encilhado,

um cavalo líquido

oferecendo seu curso

para um eterno chegar

e um constante ir embora

para não muito longe

só até ali,

onde a alegria mora

Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 11/07/2021
Código do texto: T7297129
Classificação de conteúdo: seguro