Repouse, princesa

Até assistir ela dormir me traz paz, como pode?

Tão quietinha, tão segura, velejando em sonhos

Como não dedicar mais e mais? Tenho tanta sorte

Poder vê-la feliz do meu lado só me motiva com os planos

Ficamos tantos anos longe, e continuamos fortes

E, quando nos reencontramos, caímos em prantos

Tamanha falta que ela me causou, que escrevia em cortes

A solidão estava me degustando todos aqueles anos

Agora a tenho perto de mim, como eu poderia pedir mais que isso?

Tudo o que tenho feito é viajar em seus beijos, meus queridos vícios.

Enquanto caminhávamos pelas pedras da minha cidade, a perguntei

Se o sentimento do passado a acompanhava ainda hoje

A resposta veio junto de um abraço, e um suspirante "mô", não aguentei

Apaixonei-me mais por ela, aquele aperto que ela me deu, me levou e me trouxe

De um conto ao mundo, de um mundo a uma fantasia de ogros e princesas, sonhei

Acordado, em pé, bem ali, na praça em que outrora eu caminhava tristonho sem ela

Flores, chocolates e dengo, como ela adora isso, uma bonequinha de porcelana que nunca ousei desejar

Mas, aqui estou eu, escrevendo enquanto a admiro dormir poucos passos de mim

Desejo, do fundo do meu coração bobo, que fiquemos juntos até o meu fim.

Acho que eu entendi o motivo de tamanha distância entre mim e você, querido caderno

Comecei esses meus textinhos por causa dela, e me ausentei pelo mesmo motivo

Como poderia pegar um papel para escrever sobre o amor, enquanto o mesmo estava fervendo?

Amei, amo, a amarei para todo o meu sempre, mesmo que em algum momento eu me encontre abatido

Tristonho, inativo, ainda pegarei a caneta para escrever sobre meu amor pela moreninha que amo a tempos

Estarei criando dedicatórias para aquele sorriso que me cativa enquanto espanta os dias sombrios.

Pensando bem, creio nunca tê-la feito uma serenata com teu nome

Medo dela encontrar e ficar zangada? Talvez

Esse pode ser o momento de homenageá-la em versos o quanto antes

Mas, como formar palavras sem elogiar e enfeitar várias vezes?

Já cantarolei para ela,

Já somei lembranças em fotos em polaroide

Difícil não me apaixonar ao pegar o celular e olhar para a tela

Vê-la beijando, e marcando minha bochecha, se eu falar o quanto ela me morde...

Nunca sofri para escrever enquanto a morena repousava em meus pensamentos

Sempre surfei entre memórias em aventuras, claro, sempre próximo ao porto

Perder-me era algo até comum, também, como não iria mais ao fundo tão intenso?

O oceano que ela me presenteou eu nadei, me afoguei e resgatei, aos poucos,

Aquele sentimento que borbulhava de amor no passado, e que hoje, me deixa propenso

A amá-la mais, a desejá-la mais, tudo a mais, sempre,

Enquanto apreciamos o nascer do sol, ao fim do porto, no cais.

Mesmo que algumas de minhas rasuras me amedrontem ainda

Várias se tornaram sinfonias tão, mas tão queridas

Pena que ela nunca chegou a ler todas elas, pena, espero que ela me entenda

Então, quem sabe um dia, eu não as revelem, afoito como só, talvez um dia

Enquanto estamos aqui, vou apenas apertá-la, fazer cócegas até ela chorar

Ou melhor, vou me declarar ao pé de seu ouvido e, em seguida, afogá-la em carinho

Ah, caderno, o que posso falar? Culpa do amar, não quero mais perdê-la e ficar sozinho

Quero sonhar de olhos abertos, ao fundo um arco-íris, embelezando ainda mais nosso castelinho

Ah, neguinha, Vitória, linda, o que mais posso dizer? Sou seu desde o começo, e assim, padeço louco com o seu sorriso.