INFÂNCIA ROUBADA

Essa poesia foi feita para retratar a situação das crianças que embarcavam nas NAUS, no período das Grandes NAvegações, entre os séc XIV e XVIII, na disciplina Educação Infantil.

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Fui gerada, me deram um nome.

Recebi amor, não me lembro ter sentido dor.

Cresci, meu corpo em profunda transformação,

Minha boneca fora esquecida,

quando cheguei numa embarcação.

A trajetória da minha vida,

Foi demarcada por poucas alegrias e muitas feridas.

Tinha um nome, depois me deram um codinome: Leopoldina, Grumetes,

Maria, Joaquina, Pagens, Órfãs do rei , João,...

Vivíamos todos os dias em busca da nossa salvação.

Nasci no século dezesseis,

Lá as crianças não tinham vez.

Fui explorada,

Minha essência não foi valorizada,

Expropriaram minha integridade,

Tive a identidade roubada.

Por um pedaço de pão,

Meus pais me entregavam à solidão,

Recebiam míseros soldos,

Para matar a fome do meu irmão.

A mim? Restava à dor, profunda repulsão.

Não soube o que era meninice.

Em atos grotescos,

Vivi na mais severa repugnância,

Homens cruéis, sem amor, me usavam,

Sentiam prazer, muita felicidade

Desde criança perdi minha virgindade.

Depois de ser abusada,

Retiravam-me dos seus navios

Lançando-me ao mar,

Não podia sobreviver,

Perdia o ar...

Pois, não sabia nadar.

Eu ainda sou uma criança,

Apesar de ter sido maltratada

Nos meus olhos, uma lágrima,

ainda sou acanhada.

O meu corpo é infantil,

Tenho essência pueril.

Em 08-11-07, Às: 20:46 h.