À uma Flor Morta

Ó que dor em minh’alma, quanta ternura,

Carrego neste amor, lutuoso, desconsolado!

Diante de tua face, mórbida d’amargura,

Carrego uma tristeza, soturno, dilacerado!

Cobrirão tua noite, os véus de melancolia,

E aconchegar-te-á nos ornatos da sepultura...

Serão vagos momentos que a noite acaricia,

Teu corpo amortalhado, rosa da desventura...

Vão nestes prantos, sentimentos, puros, eleitos,

Que hão de te ungir com essências de uma flor,

Junto com anjos, sublimes, augustos, perfeitos!

Por entre os enlevos que as rosas hão de deixar,

Evolvem-me lembranças singelas de tanta dor,

Num rosto adormecido de um anjo a descansar.