Luz Borges

A alguns apraz o prazer

Os gozados e os previstos

Os escritos, os antevistos

Tudo a fugir

Pela imemória

Pelo alívio

A mim apraz a dor que enraíza

Que a fulgir, permanece,

Pois cicatriza

A dor que fulgura na treva da carne

E quer chegar ao fundo do poço, do osso, do caroço...

Cintilar no fosso do ser

Do mistério

(E eis que o estalo da língua dói e faísca

E cada verso seu pisca.)

A mim apraz:

A dor que fere um clarão na noite.

A leitura é um ato que linda com o açoite.

(Quem escreve se livra

Quem lê se libra!)

David Ariru
Enviado por David Ariru em 11/01/2022
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