A pistoleira do Oeste
 
Participação de Cassia Caryne
 

A PISTOLEIRA DO OESTE
Miguel Carqueija

Eu não sou de brincadeira
por demais que eu seja linda,
pois sou uma pistoleira
e sempre estou na berlinda!

Sei atirar muito bem,
sei laçar e cavalgar,
tocar guitarra também
e sou boa pra cantar!

Meu coração bate forte
nas campinas do oeste,
apesar que eu vim do norte
pra reinar no faroeste!

Tenho boa pontaria
com meu olhar aguçado,
a pé ou na montaria
comigo tome cuidado!



E é cavalgando ao vento
que eu sinto mais alegria,
ou dormindo ao relento
rezando a Ave-Maria!

Um dia fiz amizade
com a princesa comanche,
e recordo com saudade:
quando tomava o meu lanche

e ela então apareceu
e ofereci-lhe café;
sei que se surpreendeu
e veio pé ante pé,

sentou-se bem ao meu lado
e o café ela bebeu;
seu rosto estava pintado,
e por fim me agradeceu.





Depois bem firme me olhou
e espantada perguntou:
“Como pode uma mulher
andar só neste mundão?
É isso que você quer
Ou foge de sua nação?”

A princesa me fez rir,
consegui me divertir!
“Por que te espantas comigo,
ó singela princesinha,
pois se solitária eu sigo
tu também estás sozinha!”

E com isso nos tornamos
irmãs de sangue no mundo,
e pelo Oeste nós vamos
com esse laço profundo!

Ao chefe sioux eu disse:
“Quero ser uma de vós;
na vida já fiz tolice,
mas agora a minha voz
será a voz de vocês
pelo mal que o branco fez!”




Trato bem meu alazão
pois não é nenhum favor;
às vezes dou-lhe um beijão
e ele me devolve amor!

E com pistola e com laço,
com meu chapéu e espora,
qualquer façanha eu que faço
e chego sempre na hora!

E junto com dois “cowboys”
e com a Olhos de Mel
faço ouvir a minha voz
sob o azul deste céu!

E dançamos noite adentro
no romântico luar,
mas a dança chega ao fim;
pois no oeste, sul ou centro
se alguém vem me chamar
pois entenda, eu sou assim:

sou paladina do bem,
disponível sempre estou;
e pra socorrer alguém
com Olhos de Mel eu vou!


Rio de Janeiro, 4 de janeiro a 8 de fevereiro de 2017

 
A PISTOLEIRA DO OESTE
By Cassia Caryne, 09/02/2022
 
No chão americano, chuva de balas disparadas por mulheres que sabiam muito bem manejar rifles e pistolas, cravando-o de balázios e manchando-o de sangue nos séculos XIX e XX.
Umas mulheres de verdade, outras de mentira, não importa, todas sabiam muito bem mirar no alvo.
Por aventura, como Calamity Jane, servir uma importante campanha, misturando-se aos bravos soldados. Imagino que a respeitavam pela sua coragem e atrevimento, uma vez que saias não combinavam com guerras.
Por pura má índole, como Belle Star, que teve educação refinada e tocava piano, afundar-se no crime ao associar-se aos criminosos do Missouri, por puro gosto.
Por um show, a estrela Anne Oackey sabia, com graça e destreza, manejar um rifle calibre 22 e, certamente, recebia efusivos aplausos dos homens, enquanto era alvejada pelas setas venenosas da inveja, disparadas pelas mulheres.
Por um amor à primeira vista, Bonnie Parker, que sabia poetizar, entregou-se ao bandido Clyde Barrow e, sua alma ao diabo, pela prática dos assassinatos, roubos, e muito terror espalhado na região central dos Estados Unidos.
E pensar que mulheres que sangravam todo mês, de saias e chapéus, nem duvidavam em trocar flores e cestos de comida, por armas de fogo, estourando miolos como quem estoura fogos de artifício!
 



Minibiografia:
Cassia Caryne de Castro Araujo, mineira de Lagoa da Prata, Psicóloga, servidora pública federal aposentada. Membro da ACADELP - Academia Lagopratense de Letras e AJEB - Associação dos Jornalistas e Escritores do Brasil. Dois livros publicados: "Sussurros da Alma: crônicas e poemas" e "Enlace de Letra e Cor". Atriz no curta metragem "Um Poema a Gael". Recantista, também do grupo BVIW.
 
 
Imagens google (1 e 3, pinterest; 2 e 4, cartazes de cinema com Rita Pavone e Karin Dor)
Retrato de Cassia Caryne, fotografia gentilmente cedida por Cassia Caryne.