A Mulher na noite

Miguel Carqueija

 

Esta lenda tem dois importantes simbolismos:

1) A noite simboliza a desilusão, a tristeza, a angústia e a solidão.

2) Os pés descalços representam a liberdade e a busca pela liberdade.

Participam desta página: Isabelle Mara, Marta Souza, Marta Sirino, Cassia Caryne e Aparecida Ramos.

INTRODUÇÃO
DESENGANO

Porque eu não quis abortar
e com outra se enredou
ele desfez nosso lar
e um dia me abandonou.

 

 




DESALENTO

 

E eu saí naquela noite,

bastante desalentada,

o vento estava um açoite,

a vida estava acabada.

 

Pois quem um dia eu amei

traiu-me e se foi embora,

sozinha e triste eu fiquei,

chorando hora após hora.

 

E grávida me deixou,

sumindo na covardia;

a paz ele me roubou,

meu sono e minha alegria.

 

Dele não tenho saudade

e quero tudo esquecer;

pois tratou-me com maldade

e foi pra outro viver.

 

 

 

 

DESCALÇA

 

Sigo na estrada deserta,

sentindo o frio nos pés;

esta vida é tão incerta,

mulher, quão frágil tu és!

 

Mas a Lua estava bela,

e eu me senti uma criança

num cenário de aquarela:

pés descalços de esperança!

 

O céu estava estrelado,

as árvores farfalhavam;

o chão estava molhado

e os pés se deliciavam!

 

Ó Lua cheia, que dizes,

velas o sono das aves,

das pequeninas perdizes,

me tira desses entraves!

 

 

DESEJO

 

Imploro agora ao meu anjo

me dê mais força e alento;

pois juventude eu esbanjo

e sei que tenho talento!

 

Pois eu vou sobreviver

bem longe do traidor;

espero um dia viver

uma vida com amor!

 

As sombras cobrem o chão

mas me sinto renascer;

no silêncio e solidão

eu tive um estremecer.

 

Retornarei ao meu lar,

que agora não é mais teu;

e nem penses em voltar,

agora decido eu.

 

 

 

DECISÃO

 

 

Pois frágil já não me vejo,

nem sinto mais tanto frio;

pois agora é o ensejo

de meu coração vazio

 

preencher com amor e Fé;

voltar a rir e a cantar;

dar à minha angústia olé,

com a minha filha sonhar!

 

Pois por ela eu viverei,

sem sobre o seu pai mentir;

por onde ele foi não sei,

tratemos nós de sorrir!

 

Voltei então para casa

com os pés tão sujos de terra,

só no meu bebê pensava:

eu vencerei esta guerra!

 

 



 

 

APÊNDICE

 

DEFINIÇÃO

 

 

Tem cada homem que enfim,

sem responsabilidade,

filho pra ele é o fim:

esta é a triste verdade!

 

Mulher, evite se unir

sem ao homem conhecer:

num abismo vai cair,

terá muito que sofrer!

 

 

 

EPÍLOGO

 

DELEITE

 

Três anos já se passaram,

hoje eu vou comemorar

de braços com meu amor

e levando a minha filha;

sairemos pela estrada,

relembrando aquela noite

do vento que era um açoite

e eu novamente descalça;

 

Muitas coisas já mudaram,

e eu já voltei a amar;

nesta noite de calor

seguiremos pela trilha

que eu palmilhei desolada;

irei toda produzida,

perfumada e agradecida,

com meu vestido de alça!

 

 

 

 

POST SCRIPTUM

DEMAIS!

 

 

Ter boas filhas enfim

há de ser o nosso esteio;

vivo alegria sem fim,

trago mais uma em meu seio!

 

 

NUNCA MAIS
Isabelle Mara




Buscou encontrar a chave
E reabrir meu coração,
Queria apenas hospedar-se
E replantar ilusão.
Quase nem acreditei
De que ele fosse capaz
De sonhar o que eu sonhei,
Os sonhos do nunca mais...
Nunca mais era meu lema
Reabrir meu coração,
Pois não valeria apena
Mais uma desilusão
Reviver mais um dilema
Dor, saudade e solidão.
Provei-me ser tão capaz,
Não me deixei enganar
E os sonhos do nunca mais
Perderam-se noutro lugar.

Isabelle Mara

 

 

 

 

ESPERA

 

Ainda não cansei de esperar o sonho louco,
O sono que é pouco, a insensatez dos homens,
A pouca ilusão, enfim eu ainda não cansei
De esperar.
Eu ainda não cansei dos desenganos,
Não me deixei dominar pelo cansaço,
Nem pelo descaso desta solidão,
Do ter que esperar.

Não me cansei ainda de chorar meu canto,
Se às vezes canto,
Nem da tristeza emitida pelo pranto triste
Se às vezes dói.
Porém, o que às vezes dói ainda
É esta saudade imensa de nem sei o quê
E a solidão deste coração que nem tem por que
Pulsar tão fortemente.

Mesmo assim, ainda não cansei de chorar meu canto,
Ou cantar meu pranto feito de silêncio,
Onde às vezes, lágrimas me regam a vida
E servem de alento para os desenganos
Que já foram tantos!
Não, eu ainda não cansei de esperar
Pelos desenganos que já foram tantos
De esperar pela esperança,
Pelo sonho louco, por meu amanhã.

Brasília, DF
Registrado na Biblioteca Nacional

 

Isabelle Mara

 

ISABELLE  MARA - uma mulher terrivelmente sonhadora, orgulhosamente nordestina do Ceará onde foi revelada no que se refere às letras, pelo Professor e Jornalista JOSÉ ALCIDES PINTO a quem intitulou de MOÇA TRISTE e a comparou a AUTA DE SOUZA.

Uma nordestina do Ceará, que reside em Brasília, funcionária do Ministério da Economia, que nas horas vagas adora ler e escrever, até a compor algumas músicas, pelo simples fato de desenvolver o dom que ganhou do Pai de todos nós. Faz dessa arte um meio de encarar a vida e seus problemas. Por conta disso é sempre convidada a apresentar-se em eventos públicos, como o aniversário de Brasília, os 500 anos do Brasil, sempre com seus trabalhos literários, tem participação em diversas antologias, tem alguns
poemas premiados, um livro publicado, está no Dicionário dos poetas brasileiros e no momento tem a honra de participar do Recanto das Letras, tudo de maneira amadora.

 

 

 

Pés

Marta Souza


Pés descalços,

Caminhando sob a luz da lua.

Perdidos em pensamentos, sem pressa

Deixando pegadas que seguem sem rumo,

Marcas descompassadas sobre a areia fina.

Pés que sustentam não apenas o corpo,

Mas especialmente, os sonhos!

Sonhos frustrados, inacabados.

Projetos incompletos, abandonados.

Quem dera, que pés cansados

Possuíssem asas....

 

Pés calçados,

Caminhando sobre a luz da lua

Usando sapatos confortáveis,

Viajando em pensamentos egocêntricos,

Ou por lugares luxuosos.

Calçados em conhecimentos,

Estabilidades, riquezas, ostentação...

Sapatos à base da prepotência, arrogância,

Sapatos nobres, calçando pés pobres.

 

Pés descalços ou calçados são condutores

Que têm a nobre missão de levar

a caminhos distintos, pessoas distintas.

Pés que vislumbram veredas livres,

Nada mais são que condutores de

De mentes autônomas dispostas

a simplesmente seguirem caminhando.

 

Marta Souza

 

Sou Marta Souza, uma goiana artista por vocação, gosto de dizer que Deus derramou sobre mim um saquinho cheinho de dons artísticos. Apaixonada pela natureza, retrato-a em forma de poesias, fotografias, pinturas, canto, bordados... Faço do meu ateliê meu cantinho particular de fazer arte. Mas nem sempre foi assim, depois de vinte anos longe das carteiras escolares, voltei, fiz EJA, logo me graduei em Arte Educação, outras graduações, algumas pós e mestrado, tudo com o intuito de realizar um sonho antigo, ser professora. Porém ser eu mesma ganhou a batalha, deixei a escola, e estou vivendo a liberdade de criar e expressar artisticamente falando.

 

  

 

 

 

 

Sombras

 

 

Marta Sirino

 

 

 

 


 


A respiração ofegante
Revela a dor do seu coração.
A penumbra a encobre
Escondendo sua solidão.

A vereda tão escura
Não amedronta mais.
Desde o fatídico dia
Que conheceu o tal rapaz.

Sua alma angustiada
Revela o seu dissabor.
A esperança foi embora
Seu sorriso já se apagou.

Em sua busca alucinada
A loucura encontrou.
Vendo homem da sua vida
Nos braços de um novo amor.

O desespero toma conta
A raiva vem lhe acudir.
A mágoa chega ao seu peito
Seu mundo está a ruir.

A escuridão da noite
A engole bem devagar.
As aves noturnas gritam
Escutando seu chorar.

Sua busca tão intensa
Não lhe trouxe solução.
Acrescentou apenas dores
No aflito coração.

Marta Sirino

Nome: Marta Sirino
Idade: 47 anos
Estado: Rio de Janeiro
Profissão: Servidora pública do município do Rio de Janeiro.
Hobby: Amante apaixonada por escritos poéticos; devoradora de livros e compositora apaixonada de singelas linhas poéticas.

 

 

Desilusão

 

Cassia Caryne


Esperei você na Avenida,
Sobre tapete de serpentina e confete.
Despi mascarados,
Procurando-o por detrás das máscaras.
Corri atrás de corpos,
Por engano,
Silhuetas que não eram você.
Carnavalizei...
Esperei, em vão, até que as lágrimas venceram.
Desilusão...
Olhei para as flores que ia lhe dar.
Debaixo d'água as vi desbotadas...
E pensei que serviriam para sepultar o amor que era só meu.

 

 

Cassia Caryne

 

 

Minibiografia:
Cassia Caryne de Castro Araujo, mineira de Lagoa da Prata, Psicóloga, servidora pública federal aposentada. Membro da ACADELP - Academia Lagopratense de Letras e AJEB - Associação dos Jornalistas e Escritores do Brasil. Dois livros publicados: "Sussurros da Alma: crônicas e poemas" e "Enlace de Letra e Cor". Atriz no curta metragem "Um Poema a Gael". Recantista, também do grupo BVIW.

 

 

Caminhos Opostos

 

Aparecida Ramos
 

Não foi difícil perceber
Que nossas ideias são
Quase sempre divergentes.
Por mais que tenhamos tentado,
Pensamos e sonhamos diferentes.

 

Foi bom ter nos encontrado,
Entretanto, com o tempo aprendemos:
Não adianta querer o impossível;
Não temos quase afinidades
E, prosseguir seria terrível.


Não pretendemos ser um para o outro
Algo assim, insuportável.
De tudo que passou,
 Resta ainda nossa amizade.


Pelo menos descobrimos cedo, enfim,
Que não nasci para você
Nem você nasceu para mim!

Aparecida Ramos

https://isisdumont.prosaeverso.net/publicacoes.php

 

 

 

 


MINIBIOGRAFIA  
 
Maria Aparecida Ramos da Silva, natural de Sertãozinho – PB - Brasil. Escreve poemas desde a adolescência. Professora, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Cadastrada no Recanto das Letras, sob o pseudônimo: Isis Dumont. Autora do livro “Palavras da Alma- (Crônicas e poemas)”, lançado em julho/2018. Possui livro digital publicado.  Participante de várias Antologias: “Amor” e “Simplesmente amor”, “Minuto de Poesia”, “Flores do Recanto” e “Flores de Natal” na versão digital e impressa.  Autora do prefácio para o livro “Sombras” de Sueli Aquino, e do posfácio para um Romance do ilustre escritor Miguel Carqueija. Possui Entrevista publicada na Escrivaninha do escritor mencionado. Teve, em junho de 2013, uma de suas poesias, “Feliz” publicada na “Revista Quimera”, na Argentina. Vencedora do Concurso “Mil Poesias de Natal”, com a poesia “Cores de Dezembro”, promovido pela AMALETRAS, São Mateus - ES. Membro e Delegada/Embaixadora da Paz, pela CONBLA, São Caetano do Sul, SP. Membro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico do Grande ABC-SP.  Recentemente foi escolhida para ser homenageada em uma Escola Estadual de sua cidade, através do Projeto I FLIRED- I Feira Literária da Rede Estadual de Ensino da Paraíba, 2ª Gerência Regional.
Membro da Casa del Poeta peruano no Brasil.
rosachoqueeoutrascores.blogspot.com.brFacebook:
https://www.facebook.com/2016Amorempoesia/
www.isisdumont.prosaeverso.net 

 

 

Imagens pinterest, exceto:

Imagem para a poesia "Espera", gentilmente cedida por Isabelle Mara.

Imagem para a poesia "Sombras", gentilmente cedida por Marta Sirino.

Fotografia de Isabelle Mara gentilmente cedida por Isabelle Mara.

Fotografia de Marta Souza gentilmente cedida por Marta Souza.

Fotografia de Marta Sirino gentilmente cedida por Marta Sirino.

Fotografia de Cassia Caryne gentilmente cedida por Cassia Caryne.

Fotografia de Aparecida Ramos gentilmente cedida por Aparecida Ramos.

 

 

 

 


 

Miguel Carqueija, Isabelle Mara, Marta Souza, Marta Sirino, Cassia Caryne e Aparecida Ramos
Enviado por Miguel Carqueija em 15/02/2022
Reeditado em 15/06/2022
Código do texto: T7453166
Classificação de conteúdo: seguro
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