O CASO Guilherme!

O CASO GUILHERME

Texto inspirado nas ideias do indigenista, Daniel Munduruku.

Guilherme nasceu rio,

transbordou  no seu leito e se permitiu caudaloso,

até derramar-se, contemplando a sua margem,  de vida,  de sonhos e cores.  Seu destino era o mar, o mar do  saber... do conhecer do encantamento,  o mar   do acolhimento.

Num desvio qualquer,  chegou  a escola errada, aí foi assassinado.

No início, perdeu suas margens,  seu volume de água, seu oxigênio, sua vida. Ele se tornou uma poça, quase água, quase lama.

O que diria Paulo Freire se estivesse vivo! " que o educador se eterniza em cada ser que educa"

"A escola é um edifício de quatro paredes e uma manhã dentro dele"

Edgar Morim! "A escola em sua singularidade,

contêm em si a presença da sociedade como um todo"

"Tão importante

quanto o que se ensina

é como se ensina

e como se aprende", diria César Coll.

No ambiente da escola.

Não havia terreno para absolver conteúdos, não havia despojamento.

Educar é derramar-se,

é garimpar espectativas.

Ensinar, completa o movimento único de aprender...

Guilherme foi reprovado  porque não era visto,  não estava ali, era ausente,

não existia. ( visão da escola)

foi assassinado para não testemunhar

a sua inexistência.

Guilherme não é o único, há outros guilhermes...

A mim cabe a culpa!

Poderia ter evitado.

poderia ter ficado ao seu lado

e não fiz.

todo segmento que falha

no percurso, tem final  infeliz.

Venho aqui,  pedir a esta comunidade que me perdoe!

Guilherme,

se eu não fosse esse poeta medíocre, ele não teria morrido.

Ele morreu, por falta de um olhar poético.

Ele morreu por falta de um olhar técnico.

O seu corpo,  irá

fertilizar o solo da nossa indiferença,

irá fertilizar o solo da nossa exclusão

Ele morreu para que não morram  outras crianças, inclusive a que vive enjaulada a criança adoecida que vive em nós.

Lázaro zachariadhes
Enviado por Lázaro zachariadhes em 24/03/2022
Reeditado em 27/03/2022
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