A Peregrina

 

A PEREGRINA

Miguel Carqueija

 

Poesia originalmente publicada no Recanto em 1/4/2016, ora republicada com o texto anexo "Peregrinas", de Miriam Carmignan, que já foi postado na escrivaninha de nossa estimada amiga.

 

 

 

Igreja de Santiago de Compostella, Espanha.

 

 

Como Etérea vou seguindo

com Jesus no coração

ao Santuário vou indo

por minha Religião.

 

Quanto mais peno na vida

mais amor no peito trago;

ó andorinha querida,

sigo a pé pra Santiago!

 

Que a romaria sagrada

incita meu coração:

de pés descalços na estrada

e o rosário na mão!

 

O trajeto é bem comprido

mas a natureza é bela:

então, meu Jesus querido,

me aguarde em Compostela!

 

Que a Virgem e São José

sempre me dêem guarida,

reforcem a minha fé,

perdão por ser atrevida!

 

Tenho tudo na mochila:

a Bíblia, a cruz, o pão:

desde que deixei a vila

Deus garante meu quinhão.

 

Mesmo cansada eu sorrio

aos passantes com candura:

passando calor ou frio

a todos eu dou ternura.

 

Muita gente também segue

de Santiago o caminho:

dificil, não há quem negue;

mas sigamos com carinho.

 

 

 

 

Há dias em que eu me sinto

exausta, cansada à beça:

me animo com vinho tinto

e vou cumprir a promessa!

 

Pai Nosso e Ave Maria

nunca eu deixo de rezar;

São Bento, Santa Sophia,

me ajudem no meu trilhar!

 

Não posso ir muito depressa

por estes campos de Espanha;

não vale a pena ter pressa,

pois já tenho a vida ganha:

 

pois estar com Deus é tudo

e eu vivo para adorar:

meu sentimento é agudo,

minha fé me faz amar.

 

Faço festa no carneiro,

no marreco e no cabrito:

quanto bichinho em janeiro,

ao longe ouço um apito!

 

Passa o cavalinho baio

e a poodle me abana o rabo;

e agora da estrada eu saio,

me vê uma sopa de nabo!

 

Em qualquer vivenda eu paro

e gasto só um pouquinho;

para isso eu tenho faro,

pois é pouco o dinheirinho!

 

Mas Deus me recompensou,

pois em breve vou chegar!

E a peregrina alcançou

o Santuário a louvar!

 

 

Catedral de Florença, Itália.

 

 

 

Peregrinas

 

Peregrinas nas insólitas noites frias

Andas por caminhos obscuros e sozinho

A lua preanuncia-te um clarear mesquinho

Tua alma está inquieta, te angustias.

 

Ânsias secretas nas fragrâncias dos lírios

Enigmaticamente tu vais e caminhas

Desejas algo em que em teu ser aninhas...

Serenos caminhos com muita luz e brilho.

 

Densos são os rumos orvalhados e incertos

Molha os teus pés desnudos nesses labirintos

Caçando tesouros perdidos nos densos desertos.

 

Exaltas a tua fúria por falta dos carinhos

Labaredas das paixões momentâneas, instintos

Dadivosos mundos dos homens com seus ninhos.

 

 

 

 

Texto e imagem: Miriam Carmignan

 

 

 

 

 

Miriam Carmignan, filha de Anna e Paulino Carmignan, natural de Erechim- RS, moro em Joaçaba-SC.  Minha formação é na área da educação. Realização  na mediação de ensino- aprendizagem.  Admiro e respeito os ciclos de vida das pessoas.  Acredito nas diferentes formas de ensinar e aprender, sendo que as mais relevantes e significativas para mim foram, e estão sendo,  na interação com os meios em que convivi e que estou vivendo. Acredito no tempo certo de cada um para “o despertar” e na  construção da minha história de vida, muitos fizeram e fazem parte dela.  E, enquanto  viver,  estarei buscando.

 

Santuário de Iluc, Ilha Malorca.

 

 

 

Imagens pixabay (Catedral de Florença, Itália; Santuário de Iluc, Ilha Mallorca); freepik.com (Santuário de Santiago de Compostela, Espanha); peregrina descalça: pinterest.

Imagem de mulher na montanha, gentilmente cedida por Cleônia.

Fotografia de Miriam Carmignan gentilmente cedida por Miriam Carmignan.