O menino, Teixeira e Sousa são metáforas
Num sebo de metáforas
Espumas ao vento
São notas cantadas
Em triste lamento.
O vinil toca Elza Soares
A chegar na rua de nome Fome
Em que um menino com dores
Chora na frente do mercado de Nome.
A única coisa nas mãos
Do menino é um livro
De um ilustre cidadão
Da cidade de Cabo Frio.
O menino chora de fome.
O livro é de um escritor de nome.
Na cidade praiana olhar some
Como um pássaro a luzir o longe.
Menino, chora, chora!
Em sua negritude, chora!
Na fome das horas, chora!
Em suas mãos o livro, é obra!
É obra de Teixeira e Sousa
Na praça Porto Rocha
Nos olhos de ressaca
Do tempo das espumas da praia.
Menino, chora, chora!
Em sua negritude, chora!
Na fome das horas, chora!
Em suas mãos o livro, é obra!
No sebo, no mercado, no livro, na poesia,
O menino, Teixeira e Sousa são metáforas
Cantadas num samba às avessas
Na voz de Elza Soares, Rainha Negra.
(Rodrigo Poeta ) 31-05-2022