A MULHER JOVEM

Miguel Carqueija

 

Não faz tanto tempo assim

que eu nasci nesta terrinha

e no espelho me olhando

à conclusão vou chegando:

por algum tempo enfim

sou ainda uma mocinha!

 

E flores que eu vou colhendo

enquanto o tempo não passa

como jovem vou vivendo

que a vida tem muita graça!

 

Caminhando entre as flores,

dando a mão ao namorado,

vejo em volta tantas cores,

não sinto nenhum enfado!

 

Eu passo a vida a cantar

contente só por viver,

sou feliz por respirar

e com o vento correr!

 

 

Eu amo o meu cachorrinho

que me olha com ternura,

você é um amorzinho,

uma grande belezura!

 

Dou comida ao passarinho,

que eu gosto da natureza;

e conviver com os bichinhos

é muito bom com certeza!

 

Não é por ser muito nova

que eu sou uma pessoa fútil;

mamãe em casa faz prova

que eu tento ser muito útil!

 

Aprendi a cozinhar,

fazer muita coisa em casa;

eu gosto de trabalhar,

o trabalho não me atrasa!

 

 

E sempre vou na igreja,

canto com entusiasmo,

não fico no ora veja

e nem gosto de marasmo!

 

Eu gosto de me vestir

com toda simplicidade

e assim simples vou curtir

passear pela cidade!

 

“Mas tu nem tens vaidade

bonita como tu és?”

Bem, se queres a verdade,

eu cuido bem dos meus pés!

 

E das minhas mãos também,

do cabelo nem se fala!

Preservo os dentes, meu bem:

nem sequer eu chupo bala!

 

 

Ó Deus, guiai os meus passos,

iluminai-me, Jesus;

afastai do mundo os laços,

encaminhai-me pra luz!

 

Porque a minha geração

vai o futuro forjar:

com amor no coração

vamos a Terra mudar!

 

O Papa Francisco tem

tanto amor à juventude;

ser meiga e gentil convém,

não permita Deus que eu mude!

 

E assim do rosto fulgente

vou seguindo o meu caminho,

com meu sorriso inocente

e a todos dando carinho!

 

Rio de Janeiro, 22 de junho a 2 de setembro de 2018

 

 

 

 

imagens pixabay (1), freepik (2) e pinterest (3, 4 e 5)

fotografia de Aparecida Ramos, gentilmente cedida por Aparecida Ramos.

 

 

JUVENTUDE FEMININA

 

Juventude feminina - temática bastante desafiadora e propícia a reflexões diversas;

sugerindo “abordagens” que, diga-se de passagem, podem ser bastante amplas, possibilitando a inclusão de alguns subtítulos a exemplo de: juventude de antigamente, juventude urbana, juventude no meio rural, juventude na atual sociedade... Entretanto, me detenho a trazer apenas algumas pinceladas sobre o tema... Apesar de ser uma das faixas etárias, não está relacionada apenas ao fator idade, significa bem mais que isso. “É um processo natural além de ser universal”, vivenciado durante um ciclo ou durante uma etapa na qual ocorre a transição, a passagem para a vida adulta. Vale salientar que a formação educacional, a qualificação profissional, o “conceito e a constituição de família” e a participação social e política são eventos que, apesar de suas complexidades ocorrem ou pelo menos deveriam ocorrer plenamente durante essa transição. Aqui eu quero incluir mais uma relevante e fundamental formação, que é (aos não céticos) a formação cristã.

Trata-se de uma fase geralmente muito bonita, quando a vida mesmo sem a pessoa perceber tem muito a ver com poesia... Compreende o período que vai dos 15 aos 24 anos. Um momento em que, ser um pouco irresponsável às vezes é divertido e, até visto como normal, “faz parte”, dizem. Obviamente essa irresponsabilidade não se adequa ou não combina tão bem com todas as mulheres, principalmente aquelas que não se encaixam, porque não sentem simplesmente a necessidade de serem iguais às demais. A propósito, quando falo de igualdade

nada tem a ver com determinadas questões de “gênero” tão badaladas atualmente.

É natural, inclusive salutar, que as mulheres nessa faixa etária sintam a necessidade, talvez ainda sem compreender ao certo ou sem ter certeza daquilo que estão sentindo, de começar a gostar de alguém. Por vezes, essa afeição começa por um amigo; juntos chegam inclusive a traçar alguns planos, apaixonados, vislumbram uma vida a dois sem pensar nem um pouco nas consequências. Pelo menos era assim, uma vez que muitas coisas mudaram; o jeito e a idade para namorar também mudaram muito! A juventude é uma etapa da existência que, sequer se sabe mensurar o significado da dureza vivida pelos adultos ou seja, pelos próprios pais. Nessa fase a mulher, certamente cheia de sonhos, já pode começar a perceber seu potencial e capacidade para partir em busca de realizações a fim de mudar sua condição de vida e, porque não dizer, tem o poder de mudar a própria história no mundo onde vive. Embora essa seja também a fase em que lhe faltam maturidade e sabedoria para lidar com determinados conflitos: dúvidas, confusões, algumas advindas de traumas familiares, além de preconceitos, às vezes com elas mesmas, discriminações e frustrações, inclusive aquelas relacionadas ao tão sonhado “primeiro emprego”, dada a falta de capacitação profissional e de experiência, ambas exigidas

pelo mercado de trabalho. O desejo de ser independentes e, independentes financeiramente, o anseio pela tão sonhada liberdade, pelo direito de viver longe dos olhares da casa paterna nunca foram tão fortes como atualmente. Vale destacar que nem toda mulher jovem tem essa necessidade, visto que, existem aquelas que têm o privilégio de haver nascido em um seio familiar onde praticamente nada lhes faltam. Fato que não ocorre com uma parcela significativa

da sociedade, na qual a necessidade de lutar pela sobrevivência as obriga a enfrentar o mundo cada vez mais cedo.

Para a mulher nascida nas classes menos favorecidas, é comum, quando não deveria ser, recair sobre seus ombros ainda frágeis mais responsabilidades do que aquelas imputadas aos filhos homens. Desde muito jovens, para não dizer no início da adolescência, a elas são atribuídas uma série de tarefas domésticas a exemplo de: os cuidados com a casa e com os irmãos mais novos e o preparo das refeições, quando as mães trabalham fora. Dessa forma, o espaço para brincar, estudar em casa e a construção de novas amizades fica cada vez mais reduzido.

Todavia, outra grande expectativa para esse público é a possibilidade de ingressar numa faculdade, o que por si só, além de ser um fator decisivo, constitui motivo de inquietação e nervosismo. Passar a conviver com essa nova realidade significa também passar a conviver com o medo da violência inclusive no retorno para casa. Em uma sociedade que se encontra cada vez mais imersa em processos de desconstruções e transformações, a juventude feminina se encontra intrinsecamente inserida nesse espaço cada vez mais desafiador que também oferece certa “temeridade” e riscos com ênfase ainda maior para a juventude oriunda de núcleos familiares sem uma base sólida, a qual consiste a formação de valores e princípios cristãos, sociais, éticos e morais.

 

Aparecida Ramos (autora)

www.isisdumont.prosaeverso.net

(Professora com especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional; autora de dois livros publicados: "PALAVRAS DA ALMA” - (Crônicas e Poemas) e "A OUTRA, EU E A POESIA", além de participações em diversas Antologias impressas e virtuais. www.isisdumont.prosaeverso.net)