Cena sem Bilheteria

(Para José Celso Martinez Corrêa)

O boneco feio caiu,

caiu a marionete,

caiu a nossa história no palco.

Hoje não fazemos de conta.

Rasgou-se a rede,

lavaram-se os olhos;

Fazemos de verdade,

porque eles os são:

os fatos inéditos, a sede inédita,

o acontecer da vida nossa.

O palhaço mais alegre do mundo

não tem bilheteria pro seu choro.

Palco vazio, estudante só paga meia

e mulher gravida não paga,

pra que os filhos nasçam cultos

e copiem...

Gente depravada!

Gente inocente também,

que vai cega e corta nossas asas.

Ficam os fios orgânicos,

presos a organismos tarados.

Lava-se agora a casa,

põem-se flores

- a azia dramatúrgica é curada,

elixir das boas finanças, comodidade,

a memória que não temos.

Fantoches despenteados,

homens grandes e pequenos se medindo...

Na confusão, um buraco pra espiar,

ninguém com interesse.

Cena sem bilheteria.

Masé Quadros
Enviado por Masé Quadros em 06/07/2023
Reeditado em 06/07/2023
Código do texto: T7830799
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