Carolina Maria de Jesus
Fome existencial
“Assim como as palavras
as pessoas que as escrevem
não podem ser apagadas”
Não basta nascer no dia da poesia
juntar papéis das ruas
retalhos de sobrevivência
aguerridos pedaços de fome
alimentando na poética fonte
a esperança de um dia
Maria de Jesus é potência de nome
na grandeza além do quarto
à margem do contexto histórico
buscando portas de saída
lançando-se da lama
ao dom de emergir lótus
na dura alegria e orgulho
de revolucionar a literatura
Carolina se empodera
fatalmente eternizada
acolhida na palavra
poesia.