Pingura de Lisboa

É cedo, o Sol disponta no horizonte,

lá longe a madrugada adormece,

de braços bem abertos, por traz da ponte,

vejo o Cristo como estando numa prece.

E vejo o Tejo carregado de saudade

vejo a Graça que descansa na colina

é tal a magia em torno da cidade

que até Cristo num gesto se reclina.

E vejo as ameias do Castelo

essas que recortam o horizonte,

no Chiado oiço um Fado tão singelo

que vai de Santa Justa até à ponte.

São os poetas que gritam no peito

de quem vai passando p'las vielas,

há gente que se encontra a sós no leito

há tanta melancolia nas janelas.

É assim esta pintura de encantar

que tanto me encanta e enternece!

Minh' Alma como o Tejo vai pro mar

Canta, chora , dança, escreve e adormece ...