Autorretrato
Vão
Como a casa amarela
Um poço de tristeza e solidão
Quimérico amparo
A noite, antes estrelada, se encontra abatida
Descoloriu-se o Girassol e o Lírio
E a amendoeira, sem flores, falecida
Que o amarelo penetre meu interior
Consuma meu coração
Removendo o amargor
A dor de decepar um membro
Não se compara ao meu padecimento
Desde o fatídico dia
Maldito seja o meu advento!
Hoje, nesse trigal, deixo minha última memória
Enquanto corvos crocitam aguardando a refeição
Seja por mim ou por alguém
Que uma bala me atravesse e leve essa aflição
Ah, que bela tinta vermelha
Se esvai de mim
Escorre junto o sofrimento
Apresento-lhes: Meu fim.