No meio do caminho não havia só uma pedra

No meio do caminho não havia só uma pedra

Há edifícios, barracas de frutas e de revistas

Há pessoas com chapéus

Senhoras com bengalas

Rapazes bonitos e bombados

No meio do caminho há correria

Trabalhos vários, com motos, bicicletas e automóveis

Óbvio há árvores frutíferas, jacas e amendoeiras por mais

Há olhos lacrimejados por dores, lamentos, desilusões

Encontram-se casais de mãos dadas, homens com homens também

Vê-se casais com crianças e dentre os casais mulheres com véu islâmico

No meio do caminho há restaurantes, lanchonetes, cafés e casas de parafusos

Ouve-se músicas várias e há olhares, cheiros, sujeiras na calçada e postes

No meio do caminho pode cortar os cabelos, comprar vestidos, olhar vitrines

Pode tomar sorvete, comer acarajé, ouvir os sinos das igrejas, rezar, orar, cantar hinos

No meio do caminho há cachorros e flores como rosas e outras, ipês de várias cores

Encontram-se estacionamentos, paradas, vendedoras de cosméticos, emergência médica

São tantas coisas no meio do caminho

Isso porque não mencionei as esperanças, as conversas fiadas, os cumprimentos

E a loja com roupas de padre e com imagens católicas

Nem tampouco as casas de materiais de umbanda

São tantas coisas no meio do caminho

Porém, tropecei numa pedra e tive que me equilibrar para não cair, não posso cair

Pois sim, no meio do caminho tinha além disso uma pedra

(Porque lembrei de Carlos Drummond de Andrade, poeta que todo aquele que sabe ler no Brasil deve ler sempre)

Rodison Roberto Santos

São Paulo, 23 de setembro de 2023

Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 22/03/2024
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