Era o negro a força do tonel do mundo

Era o negro a força do tonel do mundo

Como Atlas com seu globo nas costas

Era a preta a dançar ligeira nos pés cansados

O ritmo tocado nas palmas das mãos calosas

Era a pretinha com dengo no olhar e samba no andar

Era o neguinho forte, troncudo, com as calças marcadas

De vigor e com o sorriso mais matreiro e pleno de vida

Era a sabedoria da senhora negra de conhecer gente

Por ninar nas horas de dormir e amparar nas possíveis quedas

Do maginar e recordar da idosa centenária com a ajuda

Constante de seu tibero a soltar a fumaça do fumo

Destilando as décadas de amor, singeleza e amparo

Era a conversa boa do tio-avô da idade das montanhas

Seu olhar de compreensão, a voz sonora do ritmo do tambor

E contar histórias do começo da terra e do elo da vida

Todos vieram do quilombo do Mocambo, do Manoel Dias e das Vargens

Tenho no meu ser todos esses e tudo o que foram e são

Estão não só no meu sangue

Estão nas minhas memórias, no meu andar, no meu ouvir

Em toda a minha áurea e me protegem na vida

Pois são vidas comigo e vidas em mim

Rodison Roberto Santos

São Paulo, 07 de setembro de 2023

Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 03/05/2024
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