À (ainda) doce policial militar

Em homenagem às PEFEMs de Minas Gerais

Com passos ligeiros e preocupados,

Ela coloca e repõem os pequeninos pés.

Fardada e impecável segue com seu perfil fino e corajoso.

Em meio aos predadores esconde a vaidade e a vitalidade manifesta

A beleza corporal explode em sorrisos tímidos e contidos.

A leveza no andar desperta o constante pensar daqueles que querem ver a alma da doce policial

Cabelos encarcerados, seios empinados e olhar cortante

Ela sugere a passagem...

No embate com as estrelas e graduações maiores que a sua, entristece, mas está acima da hierarquia no mundo dos mortais.

O ambiente não é para as mulheres, muito menos para as musas

O espírito, certamente reprimido, repousa na morte latente e geme

Como soldado e deusa, ela é cobiçada, assediada, desejada e amada.

Do início da curta carreira o sonho e o amor pela farda vai sendo abatido a cada ano

A corporação não é uma boa mãe tampouco bom pai.

Ainda jovem ela está presa em baixos escalões, ali é assediada, maltratada e balançada nos mais íntimos valores.

A vida na caserna não é de desculpas. Não há espaço para o feminino.

Não há perdão por ser mulher e a ordem deve ser cumprida.

O mal-estar rouba-lhe a vivacidade e lhe retira a liberdade.

A corporação continua, ela também. Até quando! Não sei.

Maravilhosamente fardada e impecável no vestir do andar lá vai ela, toc, toc, toc, toc...

Vira a porta à direita, presta continência ao sargento e se vai por um caminho que, infelizmente, não sei para onde vai.