CANINDÉ

O rio Curú de águas cristalinas e mansas,

serpenteiam, volteiam, salpicam

as terras da pequena Canindé,

aonde São Francisco é o Santo protetor.

Naquele rincão nordestino,

povo temente, valente, a fé no coração entalha,

faz da crença a vida, seguindo o destino

louvando ao Senhor na romaria pela rua da Palha.

Naquelas paragens seu moço,

Vó Braga é a matriarca do lugar,

ali a lida é bruta, é chão lavrado sem medo, sem esboço,

nas fazendas Volta e Angico

terras de Mano Barroso,

é sola de pé que gasta na poeira,

é mão que se caleja no agreste

é a esperança que fita a fita da vida

no olhar cabra da peste,

olhar matuto

olhar duro,

que não desiste, não se entrega,

e não se abate nesse mundão bruto.

ANDRADE JORGE

out/2005

Dedicada ao povo de Canindé, cidade que ainda hei de conhecer pessoalmente.