Negra Forte

Numa noite fria de inverno cortante

Em uma tapera deserta.

Com ventos de todos os lados

Invadindo todas as frestas, o frio cortava.

A pele negra da jovem solitária

Que tirou a talha do chão e a colocou sobre a mesa

Encheu a caneca de barro com água e bebeu.

Seu corpo franzino estava frágil.

Depois de mais um dia de muito trabalho

Sentou na cadeira de palha e sonhou

Com o dia que não mais seria preciso tanto trabalhar

Com o dia que seu trabalho enfim seria reconhecido

E não mais explorado por pessoas

Que a tinham como objeto de uso pessoal.

A noite era fria,

Mas era sua, para o seu descanso e repouso.

Até que surgisse o sol para acordá-la,

Pra ordenhar as vacas

E levar o leite fresco para sustentar os filhos de seu senhor e sua Ama;

Para que crescessem sadios e imponentes

E fossem também, Senhores de seus escravos na terra de um povo;

Que ainda sonhava com a liberdade!

Lili Ribeiro

31/05/07

Pra uma mulher forte que amei!