Poeta e Ginecologista

Eu vinha pela calçada....

Tinha saído da estrada

Caminhava em disparada

Quando a avistei calada

Veio a mim e perguntou...

Com semblante sorrindo

Como escreves tanto?!

De onde tiras as idéias?

O que se passa contigo...

Diga lá meu bom amigo.

E discorri aqui comigo

Sabes...agora mesmo

Falava com meu umbigo

Ao descer do CNPq...

Poeta é como ginecologista...

Não há que se ter prurido

Vergonha ou recato contido

Mas no figurado sentido

Há que se abrir as coxas...

As pernas os seios...a veia

Para que nasça a poesia...

Objetivo sugestivo de magia

Garimpeiro procura a pedra

O pintor rabisca assim o nú

Ordem rara do talento cru

Animal que caça em exaltação

Fluindo d'alma a forte emoção

Numa distração meio indolente

Do nascer do sol ao poente

Sem a visão vulgar da obscenidade

A manifestação o momento impõe

Numa ruptura ao falso pudorismo

Despida a censura e o moralismo

Ele fotograva e depois revela...

No lugar da foto...os seus versos

Puros...simples ou complexos.

Hildebrando Menezes

Obs: Dedico à colega Maria Lúcia

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 28/03/2008
Reeditado em 29/03/2008
Código do texto: T921290