Poema ao existir

Minha vida feita de tudo,
da chuva que cai
e rola pelo meu rosto rude,
debruçando no chão agreste.
Vida feita de poesia,
de flores silvestres,
de pássaros cancioneiros, de criança sorrindo.
Vida, de mãos vazias,
de gente que passa por mim,
barulhos ensurdecedores,
buzinas de automóveis.
Minha vida confusa, objetos estranhos no azul celeste.
Vida quase agreste,
nas favelas, gente despida da própria existência.
Vida da vida ingrata,
a poesia, a serenata,
perderam-se na sintetização.
O amor é feito de prazer.
Minha vida é um paradoxo.
Eu existo no opróbrio,
canto em meio a imundície,
e esta alma, por tão pouco não será vencida.
Canto ao lirismo, a paz,
pois eu amo minha pobre vida.