Entre a espada e a pena

Aquele cavaleiro de armadura

Armadura reluzente, que enchia os olhos dos outros com seu brilho

Cravejada de rubis, de prata e de diamantes

Trazia sua espada

Manchada de sangue

Pobre soldado

Sua armadura oculta muita fraqueza

Fora embriagado com o sangue dos inocentes

Aprendeu, com sua espada

A decepar cabeça e dilacerar vidas

Pobre soldado arrogante

Soube ele que havia um desafiante

Um jovem franzino e nanico

Armado com uma pena

Que o povo levava nas costas como herói

O soldado partiu para a luta

Brandindo sua lâmina dos temores

O seu modesto adversário levantou a pena

E com ela despedaçou a espada

No meio das duas armas

Uma mosca branca voou

Voou bem alto, e se alojou nas penas de uma pomba branca

Que, com o bico,

Rachou a armadura do soldado

E furou uma velhaca bandeira

Que insistia em tremular no céu

José Marcelo Siviero
Enviado por José Marcelo Siviero em 13/05/2006
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