Momento Lúcido

Que venha a paz

A tempestade passou

E que me traga mais

Um pouco de amor

Se é que ainda cabe

Ainda alguma dose

Mas o medo que acabe

Me incita overdose.

No meu caderno

O amor é mais presente

Que naqueles ternos

Dos noivos recentes

Que venha a paz

E me traga alegria

Que se lá o amor fere

Em mim, contagia.

Viciado em desejos

Devaneios vis

Dos belos vinhedos

Me traga os barris

Que a ressaca se foi

Da boemia de amor

Me embriago de sonhos

E do que me restou,

Amanhã já será

Só mais um dia normal

Já que não vou falar

Nem do bem nem do mal

Que me venha a paz

E o silêncio, um sossego

Pois só serei capaz

De amar, hoje,

a mim mesmo.