Canção dos doze
"Gastaria folhas e mais
Para escrever rimas de Janeiro;
Ou a fantasia de Fevereiro.
Talvez para o deleite de
Manhãs amenas de Março;
Ou a ressurreição de Abril.
Maio seria meu mês de
Romances pitorescos,
Nos quais, imaginar-me-ia
A noiva atrasada de Junho.
Em Julho, meter-me-ia
Em versos frios
E solitários, porém.
Quentes quando
Aquecidos no coração.
Em Agosto as flores
Da alma desabrochariam
Ao simples ímpeto de viver.
Setembro consolidaria minha
Independência, posto que
Inteiramente dependente
De carinho e risos.
Ah! Outubro antigamente
Dava-me expectativas,
Hoje dar-me-ia certo
Tom de envelhecimento.
Novembro chegaria de manso,
Cheirando a fim de ano.
Dezembro lembraria fé com boa
Dose de espírito natalino.
E os 365 dias são um turbilhão,
E a única certeza é que pelo menos
Os nomes desses doze deuses não mudarão!”