purgando alma

Quero calma

Para matar os ressentimentos

Purgando em mim

Ódios e crueldades

Quero calma

De monastério

Para achar o fio da meada

Para achar o começo do ninho

O começo do fim

O fundo do abismo

Quero centrar a gravidade

Quero abortar esse estômago frágil

Quero beber todas as águas encantadas

E diluir as sereias em seus cantos

E nos timbres mágicos

Conseguir semitons

Inimagináveis...

Quero calma em sustenido

Quero a clave de sol poente

Quero a clave de dó sem dó

Impiedosa

Seca, cega e torta

Torneando o intangível

Quero calma,

Quero purgar os pecados

Em lágrimas, suores e medos.

Quero calma

Do silêncio concreto erguido

No cimento armado da casa

Quero varrer os outonos empilhados

Quero abreviar as estações mortas

E ressucitar a vida depois da esquina,

Depois dos desenganos,

Depois da rejeição.

Quero calma

Para digerir o revés

Para regredir o convés

Quero calma

no escafrandro

Das nuvens

Compactas e secretas

Quero o machado sangrando

a madeira

do sândalo

E gritando secretamente

socorro.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 11/10/2009
Reeditado em 12/10/2009
Código do texto: T1860482
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