Distante de Tudo, Próximo de Mim

Meios momentos, fragmentos de palavras. 
Fluem na alma tempos passados, já distantes,
para logo se saber a presença do agora.
E o presente ocupa o lugar das lembranças.
O coração perde peso, o cérebro fica vazio
e nisto parece haver uma intensa liberdade.
Em meio às sensações, a pureza ingênua.
O prazer não tem tempo para se fazer culpa. 
Vive-se um momento que comunga consigo. 
Vive para si, para todos e por ninguém,
e isso cria um estado de plena leveza.
Não voa, não tem asas, mas levita, distante.
A força parece ter encontrado a beleza.
E a beleza já existe na pacificada força.
E pouco importa se sonho ou utopia, 
vale mais o silêncio, melhor é o sorriso.
Não se fazem mais necessárias as reflexões,
a consciência liberta apenas vive.
E existir se encontra com o prazer da virtude. 
E a dualidade originária se congrega em um.
E paz que desconheço visita-me,
já não sei se sinto-me feliz ou triste,
pois isto parece pequeno demais neste momento.
E a maior das posses parece ser a renúncia. 
E ainda saiba o que sou, renuncio a mim.
A luta venceu a batalha e a luta foi vencida pela paz.
E já não é mais a vontade que conduz,
mas o coração que verte-se em suaves emoções.
É o cérebro que brinca em dar formas líricas,
e as letras da verdade não querem convencer,
apenas convidam, seduzem.
Por não serem sedutoras, prometem sem juras,
vestem-se de irresistível encanto
no amor que nasceu semente,
que brotou em grandes carvalhos de vento
que produziram doces frutos de luz. 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 24/10/2009
Reeditado em 18/06/2015
Código do texto: T1884727
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