REVOLUÇÃO DAS PEDRAS NO CAIRO

Na terra das pirâmides faraônicas

o vermelho-escarlate tinge o rosto da esfinge.

Acertaram-lhe o que restava

do milenar nariz com paus e pedras

mubarakianas e contra-revolucionárias.

O disfarce pago nega a origem

e escurece a verdadeira face do cruel desenlace.

Na praça Tahrir o caos e os praças traindo a revolução democrática.

Os lombos estalam em fraternas chicotadas

num palco de guerra,

de cavalos,

de camelos,

de tanques,

de foices e

de barricadas.

Ao vivo a vida em ferida viva

geme em vários dias de agonia fotografada.

A fome,

a dor,

o medo

e o cansaço

alimentam a esperança dos destemidos jovens,

dos adultos, dos velhos e das atordoadas crianças.

Num jogo de cena e de cartas marcadas na tela oficial

o podre poder mumificado se aferra a ferro e a fogo ao tão amado cargo.

De fora, a ONU e outras falanges diplomáticas

falam... falam e falham em palavras calculadamente pragmáticas.

O Egito em soluços e preces, arde.

No Nilo de Allah, al jaz ira!

É triste tudo que vejo,

é triste tudo que narro,

porém, mais triste é sentir na pele

o luto que se deposita dia-a-dia em centenas de sarcófagos

no museu a céu aberto da triste cidade do Cairo.

Marcos Cavalcanti
Enviado por Marcos Cavalcanti em 04/02/2011
Código do texto: T2772036
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