CONTEMPLAR
A flor que o beija-flor tocou com desvelo
Não era a mais bela das germinadas.
O solo fértil encorajava-me
Vencera tantas lutas, cruas geadas.
Minha solidão contemplava a sutil natureza
Em excepcional momento de ternura e paz.
O labor consumia-me o corpo, porém não o espírito
Do cansaço e ocupação que a vida traz.
Ela me entendia mais do que eu própria,
A saber que ela é mãe, sendo eu prole dela.
Minh`alma estava serena e espiritual
Inundada de paz na bonança esfera.
Que paz é esta que ainda existe no mundo?
O canto das aves lembrava um idílio
Ora melancólico, ora alegre
Misturado ao som do trem correndo o trilho.
Fora uma paisagem de tarde perfeita.
Os silfos cobriam de alísios o ar,
O dia abria lugar à sóbria noite,
Bela, inebriou a Terra ao disseminar.
Com maneira jovial imperou a lua,
As estrelas luziam na vasta treva,
O sol já se encontrava por trás do monte.
Senti-me a primeira a contemplar, uma Eva!
Perfeita a organização do dia e da noite,
Antíteses feitas pelo Criador.
No porvir da noite descansar-me-ia,
Pacatos fastigar-se-iam no labor.
Para os que quisessem apreciá-la
A noiva do dia ficaria ali.
Almejem muitos olhos contemplá-la,
Verão mais do que pude descobrí.
Fulgurante raia nivíssimo dia,
O sol volta à janela a nos acordar,
Seres são presenteados com a vida
Jubilosa, volta à rua a trabalhar.
Ó noite dos clãs românticos poetas.
Ó dia dos pássaros e poetisa.
Belezas singelas e condecoradas
Que ao cantar, Renato Russo as formaliza.