CONTEMPLAR

A flor que o beija-flor tocou com desvelo

Não era a mais bela das germinadas.

O solo fértil encorajava-me

Vencera tantas lutas, cruas geadas.

Minha solidão contemplava a sutil natureza

Em excepcional momento de ternura e paz.

O labor consumia-me o corpo, porém não o espírito

Do cansaço e ocupação que a vida traz.

Ela me entendia mais do que eu própria,

A saber que ela é mãe, sendo eu prole dela.

Minh`alma estava serena e espiritual

Inundada de paz na bonança esfera.

Que paz é esta que ainda existe no mundo?

O canto das aves lembrava um idílio

Ora melancólico, ora alegre

Misturado ao som do trem correndo o trilho.

Fora uma paisagem de tarde perfeita.

Os silfos cobriam de alísios o ar,

O dia abria lugar à sóbria noite,

Bela, inebriou a Terra ao disseminar.

Com maneira jovial imperou a lua,

As estrelas luziam na vasta treva,

O sol já se encontrava por trás do monte.

Senti-me a primeira a contemplar, uma Eva!

Perfeita a organização do dia e da noite,

Antíteses feitas pelo Criador.

No porvir da noite descansar-me-ia,

Pacatos fastigar-se-iam no labor.

Para os que quisessem apreciá-la

A noiva do dia ficaria ali.

Almejem muitos olhos contemplá-la,

Verão mais do que pude descobrí.

Fulgurante raia nivíssimo dia,

O sol volta à janela a nos acordar,

Seres são presenteados com a vida

Jubilosa, volta à rua a trabalhar.

Ó noite dos clãs românticos poetas.

Ó dia dos pássaros e poetisa.

Belezas singelas e condecoradas

Que ao cantar, Renato Russo as formaliza.

Gisele Liz
Enviado por Gisele Liz em 17/12/2006
Código do texto: T320904