nascente...

a poesia nasce das pedras,

nasce do caos, nasce das trevas

da languidez das águas dos rios

do filho sem mãe, com frio

do fio cruel que a morte trama

nasce da luz, nasce da chama

nasce do aroma da vida

da pureza da margarida

das mãos que tateiam a lua

dos gatos em cio nas ruas

dos guetos que vomitam a lama

do coração frenético que ama

das crianças que brigam, brincam co’a fome

dos poetas bastardos, inglórios, sem nome

das borboletas efêmeras que bailam a valsa

das prostitutas frígidas que gozam a salsa

da falsa felicidade que ofende

das fadas, feiticeiras, duendes

da nódoa que mancha a alma

do nódulo que mata a calma

a poesia nasce do encanto,

do descaso

do ocaso

do acaso

a poesia nasce

assim como nasce o lírio do campo.

Benvinda Palma

Bemtevi
Enviado por Bemtevi em 05/02/2012
Reeditado em 06/02/2012
Código do texto: T3481240
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