Arco-íris

Quando eu era criança,

de alma pura e mansa,

gostava de ver o arco-íris.

Olhava o céu maravilhada

e ficava extaziada,

ante tanta beleza!

Não consiguia entender,

custando mesmo a crer

naquela beleza que via.

Ficava então a olhar

e me punha a imaginar,

o que não dava para ver.

O meu sonho começava;

o arco-íris escalava,

para bem no alto ficar.

Podia então ver o mundo

e com suspiro profundo,

feliz, começava a sonhar.

Os campos podia ver,

com árvores a crescer,

o verde a se espalhar.

Um homen já cansado,

em tronco sentado,

na sombra acolhera.

Seu cigarroenrolava,

no joelho, o chapéu estava

enquanto seu olhar se estendia:

ao gado, agora a pastar,

para logo depois ruminar,

numa tarefa rotineira.

Lone peões trabalhando,

a boa terra arando,

só depois entção, plantar.

Aroça estava viçosa,

que colheita fartuosa,

por certo iriam ter.

Pude ao longe, o rio ver

alegremente a correr,

por seu leito sinuoso.

Entre pedras saltitando

e mansamente cantando,

pelo vale tranquilo.

Peixinhos que nadavam

alegremente pulavam,

na água cristalina.

Animais vindo beber,

seu focinho podendo ver,

no fundo transparente.

Mulheres a trabalhar

e das galinhas, cuidar,

cantando uma cantiga.

Crianças que brincavam,

pelos pomares estavam,

frutas a colher.

E em noites de luar,

ao violão a cantar,

se punha o trovador.

Para sua amada dizia,

coisas lindas que um dia,

iria realizar.

Num mundo assim de paz,

a felicidade de faz,

habitante constante.

E eu, criança inocente,

que sonhava docemente,

tinha que despertar.

Do arco-íris, descer

e nêste mundo viver,

onde o amor aos poucos,

vai deixando de existir,

tão difícil é sorrir,

onde impera o rancor!

Daize Dorça, 20/07/1980.

Daize
Enviado por Daize em 25/07/2005
Código do texto: T37514