CONTO DE FATO

Minha filhinha dorme

Mergulhada em sonhos

Que já não mais almejo ter

Meu pequeno brinca

Brinca de vida como brinca

Em desacordo... certo ele inda está

Que aqui neste canto

Com minha garota que amo

E que brincamos de ficar velhos

Inda hoje, à brisa da tarde,

Sonho e brinco de viver

De tranquilo e de sossego

Em viagens de encanto e descanso

À margem da beira que vela

A cantiga de viver mais bela

De flores a florescer em primaveras

Dos dias que sossegam dores

Que não as sinto ignorar

Os pulmões estão cheios de ar

de tudo que não expio quando respiro

ao fingir eterno no zumbir da abelha

os sons que me chegam às orelhas

são impressões de soluços que ouço

balançar meus esboços mais argutos

vejo aos veios dos rios passarem

correntezas sublimes de instante

como estantes que doutrinam livros

e ouço dos pássaros seus silvos

e da cigarra o triste canto de morte

romper em suas cicatrizes... ela grita

e eu que grito e que silvo e que de onde livros

consomem momentos de instantes donde

friso minhas lacunas em doutrina e mitra

afastam-se de mim os carros

e eu os afasto como um cadafalso do mastro

a escorregar por desatentado fracasso

das mecenas e das misérias que

por quais desviam olhos meus

... agregadoras lanternas do rio...