A Gaivota
Vejo a gaivota aprumar
Desdenhando
Do que percebe cá embaixo
Durante seu levitar
As ondas batendo
Em revoltos mares.
E ela a subir
Acima, aos ares
Quando me vem
Uma ótica que à vida convém
À boa vida
Mas que parece desdém.
Que na verdade sou tudo mais e sou ela
Voo sim através dela
E ela se perde sem sujeição
Num tipo de vida que mais parece não ação.
Sobe e voa em perfeita automação
Sendo que não questiona
Não há nela um senão!
Sendo assim, me perco no quanto de vida
Corre em mim.
Não nesta pele somente
Mas também nela
E a tudo que vive
E de cujo homem civilizado
Por mais que tente
Tenta mas não desmente.
É tudo fruto de uma só corrente!
Sou ela, a gaivota, e tudo o mais
Sou muito mais
Do que eu
Sou tudo isso.
Onda que bate
Na pedra, que também é isso.