O tempo se esvai.
Dissolve os números e as horas.

Destrói os minutos.
E, personagens e lugares.

O tempo é enigma
que corrói nossos ossos,
nossa pele e nossos passos.

Um dia, por causa do tempo
não poderei caminhar.

Não estará minha presença aqui.
Poderá ter estado.

Mas, pertencerá a outro tempo.
Marcado por outros relógios.
Que marcaram
indefinidamente.
A presença de tudo e todos.

O tempo é a chave
que abre portas,
fases e estações.
Decifra silêncios.
Molda palavras e frases.
E, descreve-se em poesias.

É tempo de paz.
Sopra o mar lá fora
os segredos que a onda guardou...

Sopra o vento os sentidos
e os movimento das folhas.

O tempo é tendência do outono.
É a cor da primavera
e a tepidez do calor...
E a rigidez do frio
que ao longo do tempo
congela as emoções 
ainda em nossas veias.

O tempo se fragmenta
E em cada pedaço,
há um compasso.

Há metrificação do agora.
Então as palavras são contadas
mas contam tudo
sobre amores ou ódios.

As palavras amam per si.
Podem dizer uma coisa
e sugerir outra...
Só o tempo revela a semântica
real do que é dito,
escrito ou
apenas imaginado...

O tempo só respeita 
quem o respeita.
Frio e rigoroso.
Nos dá a morte,
enquanto tudo que queríamos
é, paradoxalmente,
mais tempo...

Tempo para sentir a agonia de
estar vivo
e  sentir a sobrevivência
como um registro de paz,
nas batidas inexoráveis
de um relógio.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/03/2014
Reeditado em 08/03/2014
Código do texto: T4720593
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